Rubens Salomão

A visita do governador Ronaldo Caiado (UB) à Assembleia Legislativa de Goiás (Alego) com o pré-candidato escolhido por ele para a disputa pela Prefeitura de Goiânia, Sandro Mabel, serviu para materializar a disputa interna na base aliada pela vaga de vice-prefeito na chapa governista. Durante e depois da reunião, o presidente da Casa, Bruno Peixoto (UB), lançou o nome do deputado estadual Charles Bento (MDB) para a composição da chapa e a indicação é considerada condição para o apoio do grupo ao projeto criado pelo Palácio das Esmeraldas.

Bruno Peixoto construiu grupo político alternativo dentro da base caiadista durante o período em que buscou pré-candidatura própria ao Paço Municipal e mantém influência sobre deputados estaduais e quatro partidos: PRD, PSB, Agir e Avante. O presidente voltou a se animar com a ideia de candidatura depois da segunda rejeição de convite pela filha do ex-governador Iris Rezende, Ana Paula Rezende (MDB), no fim de março, mas encontrou frustração a partir da decisão de Caiado a favor de Mabel.

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Como antecipado pelo POPULAR, o grupo político sediado na Alego busca desde o fim de semana alcançar participação direta nas articulações do projeto na capital e passa a cobrar a indicação da vaga de vice na chapa a ser encabeçada pelo presidente da Federação das Indústrias de Goiás (Fieg). Na entrevista coletiva, logo depois do almoço com o pré-candidato, além de Caiado e o vice-governador Daniel Vilela (MDB), Peixoto indicou, em tom de campanha, que Charles Bento e Mabel “têm muito trabalho juntos”.

“O deputado Charles Bento tem toda a experiência e poderão sim estar juntos nesse projeto em 2024. Lembramos que vou participar de maneira ativa da escolha do vice e hoje estamos juntos PRD, Avante, PSB e Agir. Vamos analisar todos os nomes para que o vice seja indicado”, disse Bruno Peixoto.

O presidente da Alego desconversa e defende o diálogo quando questionado se há alguma garantia para que a indicação seja efetivada pelo grupo ou que a ocupação da vaga seja uma condição para o apoio à eventual candidatura de Mabel.

“Nós estamos dialogando. Com certeza, nós seremos ouvidos para o nome na vice. Até mesmo porque nós estamos falando de um projeto em que temos quatro partidos e todos com chapas completas de vereador, com tempo de TV, com fundo partidário. São várias as características, além de quadros importantes, como o presidente da Câmara de Goiânia e vereadores. Tudo é construído e não haverá imposição. Nós vamos dialogar”, disse.

O próprio Charles Bento afirmou ao POPULAR que está “à disposição” para ocupar a vice e que a indicação significa uma condição para o apoio do grupo político da Alego a Mabel. “Eu avalio que é uma condição e que é plausível, né? Porque o grupo do Bruno é um grupo muito grande. Não só com o apoio da Assembleia Legislativa, mas ele tem os deputados como aliados. Então, é um apoio indispensável a qualquer candidatura a prefeito de Goiânia”.

Alto lá

Sandro Mabel saiu otimista do almoço com deputados e o governador e afirmou que tem a certeza do apoio da maioria dos parlamentares. “Eu passei a missão para eles para conversarem com as bases de cada um. Todos têm base em Goiânia, por mais distante que possa ser aqui de Goiânia, e a grande maioria se dispôs a fazer esse trabalho. Só não pode ainda pedir voto.”

Sobre a condição para ocupação da vice, o empresário garante a participação do presidente da Alego, mas não define a composição. “Ficou acertado que nós tomaremos a decisão conjunta com o governador, o vice-governador, o presidente da Assembleia e comigo”, disse.

“Nós vamos conversando. Essa sugestão que o Bruno dá é espetacular, sobretudo porque temos uma convivência super boa ao longo do tempo, mas ela tem que ser conversada. Tem alguns fatores que precisam ser levados em consideração. Nós vamos considerar todas essas articulações para definir a chapa”, afirmou. Em diferentes ocasiões nesta terça-feira (2), Mabel indicou preferência por uma mulher evangélica na vice.

“São perfis que nós temos visto. Por exemplo, eu quero um vice que também seja evangélico, porque nós temos uma quantidade de igrejas evangélicas e dentro de uma comunidade evangélica que é importante. Ser mulher também é importante, mas é uma decisão, entende? O Charles não é nem um nem o outro, mas ele é um craque. É uma decisão que tomaremos em conjunto e o Bruno terá um peso fundamental nisso”.

Ronaldo Caiado não concedeu entrevista após a reunião com deputados, mas, em rápida declaração à jornalista Fernanda Santos, da CBN Goiânia, deixou com Mabel a responsabilidade por escolher a companhia de chapa. “Isso aí é uma prerrogativa do candidato”. Já Daniel Vilela reforçou que o MDB “reivindica” a vaga de vice, mas não mostrou tanta certeza sobre a efetiva composição da chapa: “A gente não pode afirmar nada, mas o natural é isso.”

O vice-governador afirma que a decisão será tomada pelo governador em conjunto com Sandro e volta a citar a possibilidade de buscar de Ana Paula Rezende. “O Charles é uma pessoa querida, fui vereador com ele, é nosso deputado. E tem outros nomes aí também para a gente avaliar em conjunto”, disse. “É natural que todos percebam a Ana Paula como a melhor vice que qualquer candidato pode ter aqui. Mas isso é uma decisão que passa primeiro por ela para depois a gente poder encontrar uma decisão nesse sentido”.

'Satisfação' de Caiado e Mabel à Alego abre disputa pela vice

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Matéria - Política

Eleições 2024

Diante da expectativa da equipe de transição do prefeito eleito, Sandro Mabel (UB), pela aprovação em definitivo do projeto de lei que institui a Taxa de Limpeza Pública (TLP), a “taxa do lixo”, o presidente da Câmara Municipal de Goiânia, Romário Policarpo (PRD), afirmou nesta terça-feira (10) que não vê necessidade de “urgência” em votar a proposta ainda nesta semana e justificou que está “dando prazo” para que os vereadores “entendam” o que estão votando. Com isso, a proposta que cria o novo tributo na capital segue sem data para votação. “Deixa o pessoal entender o que eles estão votando. Não tem necessidade dessa urgência. Tem sessão essa semana, semana que vem, depois do Natal. Não tem necessidade dessa urgência toda”, disse Policarpo em entrevista coletiva. “Acho que agora que estamos entendendo o que é essa taxa. A Câmara também tem que ter um prazo para saber o que está sendo votado. Não tem essa necessidade de votar hoje, amanhã. Vamos dar prazo para que as pessoas entendam.”Com tramitação célere na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e na Comissão de Finanças, esperava-se que a segunda e definitiva votação da proposta fosse incluída por inversão na pauta da sessão ordinária desta terça. Contudo, Policarpo, que integra a equipe de transição de Mabel, afirmou que não pretende “atropelar pautas”. O presidente da Casa indicou, inclusive, que a votação pode ser adiada para o próximo ano, possibilidade cercada de incertezas, já que - pelo princípio da anterioridade - o novo tributo só poderá ser cobrado em 2025 se for aprovado ainda neste exercício financeiro.“Acredito que pode ser esse ano, mas pode ficar para o ano que vem também. Não tem esse atropelamento de pauta não. Foram emendas colocadas, existe um cálculo que a cidade precisa entender qual é, que os próprios vereadores precisam entender qual é”, disse Policarpo. A vereadora de oposição, Kátia Maria (PT), questionou a criação de uma taxa no momento em que não se sabe as condições da empresa que cuida da limpeza urbana da capital. “Estamos em um momento gravíssimo da cidade. A lei federal diz que, caso necessário, pode-se criar uma taxa de lixo. Eu sou contra, neste momento, porque está aí todos os dias nos noticiários: a equipe de transição não tem dados sobre a Comurg, o próprio prefeito eleito não tem dados na saúde, o TCM acaba de notificar a Comurg porque não tem dados para clarear qual é a receita e o gasto que tem com o lixo”, disse a petista. InsatisfaçãoNos bastidores, parte dos vereadores tem demonstrado descontentamento com sinais dados por Mabel de que pretende “fechar a torneira” do Paço a partir do ano que vem, reduzindo os cargos comissionados e as indicações políticas dos parlamentares. Esse clima de insatisfação poderia estar contribuindo para que a proposta da taxa do lixo enfrente obstáculos neste momento e tenha a sua aprovação travada após certa agilidade.Procurados pelo POPULAR ao longo da sessão desta terça, vereadores foram questionados sobre os motivos da demora atual na votação. Alguns alegaram que a taxa “não será votada sob pressão”, reforçando a necessidade de um debate mais aprofundado na expectativa de mitigar possíveis desgastes políticos. Contudo, a maioria dos parlamentares evitou comentar, afirmando desconhecer o real motivo do adiamento.Na semana passada, o projeto da taxa do lixo estava previsto para ser votado na quinta-feira (5), mas foi adiado. A proposta chegou à Comissão de Finanças no início da tarde de quarta-feira (4), o que inviabilizou sua análise em plenário devido ao regimento interno que pede um intervalo de 24 horas. A sessão de quinta terminou sem quórum e com a pauta esgotada, adiando novamente a decisão. O POPULAR mostrou que após o encerramento, Policarpo reuniu um grupo de vereadores em sua sala para discutir o texto e as emendas apresentadas, que haviam sido rejeitadas durante a tramitação do texto. A expectativa era de que o tempo adicional ajudasse os parlamentares a reavaliar suas posições antes da votação final.Ainda há dúvidas sobre qual o valor que será pago pela população e qual será arrecadado pela Prefeitura de Goiânia, caso a matéria seja aprovada em definitivo. Até agora, as alterações feitas por emendas parlamentares a pedido da equipe de transição de Mabel limitam o valor entre R$ 258 (mínimo) e R$ 1.600,08 (máximo). Aliados do futuro prefeito trabalham com a ideia de regulamentar o projeto no ano que vem, por decreto, com cálculos mais específicos sobre o novo tributo. Essas modificações constam do relatório de Ronilson Reis (SD), na Comissão de Finanças, que teve três emendas. O projeto a ser votado ainda contém outras quatro alterações, aprovadas na CCJ, de autoria de Lucas Kitão (UB) e Léo José (SD). Quando tramitou na Finanças, os vereadores Henrique Alves (MDB), Sargento Novandir (MDB), Geverson Abel (Republicanos), Kátia Maria, Fabrício Rosa (PT) e Aava Santiago (PSDB) saíram insatisfeitos ao não terem suas propostas de modificação acolhidas pela comissão.

Policarpo afirma que não vê 'urgência' em votar taxa do lixo

Câmara de Goiânia

A proposta de reforma administrativa apresentada pelo prefeito eleito Sandro Mabel (UB) reacende debates antigos sobre o tamanho da máquina pública e a eficiência da gestão. Para o pesquisador do Observatório das Metrópoles Núcleo Goiânia e economista Marcos Haddad, o discurso de enxugamento frequentemente se dissocia da prática. “Essa coisa de reforma administrativa, enxugar a máquina, é só papo de eleição”, diz ao POPULAR.

Ele critica o fato de que, desde a gestão do prefeito Paulo Garcia (PT), adotou-se uma postura na Prefeitura de Goiânia de se comparar com o governo federal. Algo semelhante, para o pesquisador, é visto gora na proposta de Mabel, com ao menos três pastas com o estilo do que se vê no governo federal.

“Começaram a criar Casa Civil, secretário particular, secretário-executivo dentro das secretarias”, afirma Haddad. “Isso faz sentido num governo federal, ou governo como o de São Paulo, faz sentido. Já não faz tanto sentido num governo como no estado de Goiás, e muito menos numa prefeitura de Goiânia”, diz o economista.

Haddad defende que o município, sendo o espaço mais próximo do cidadão, necessita de uma gestão robusta e bem estruturada. Contudo, ele critica a criação indiscriminada de cargos, estruturas e outras posições que, para ele, não têm funcionalidade clara no contexto municipal.

Analisando o projeto de Mabel, Haddad diz que a principal questão é analisar o perfil dos quadros que serão indicados, e alerta para o perigo de os cargos serem preenchidos por critérios políticos e não técnicos. “As pessoas que vão ocupar esses cargos têm habilidade técnica? Ou é só político para contemplar vereador? Conchavo não resolve os problemas da cidade”, aponta.

'Enxugar a máquina é papo de eleição', diz pesquisador ao avaliar reforma de Mabel

Prefeitura de Goiânia

O prefeito eleito, Sandro Mabel (UB), modulou o tom do discurso feito durante a campanha, no qual prometia enxugar a máquina pública municipal em caso de vitória. Nesta terça-feira (10), ao encaminhar à Câmara Municipal de Goiânia o projeto de lei da reforma administrativa, que mantém 31 pastas — mesmo quantitativo da gestão do atual prefeito, Rogério Cruz (SD) —, Mabel destacou que a economia do município será alcançada por meio do contingenciamento de 50% dos cargos comissionados.

“Se tirou uma série de secretarias e se colocou outras para essa área de gestão que nós estamos falando”, disse Mabel. “Vamos pegar todos os cargos comissionados e 50% vai ficar contingenciado. Então, assim, nós vamos fazer uma economia de 50%.” Em coletiva de imprensa para detalhar a reforma administrativa, o futuro prefeito anunciou que pretende contingenciar as secretarias-executivas no Paço Municipal. Em vez de extingui-las de imediato, a estratégia será realizar um estudo sobre o funcionamento da cidade sem esses cargos e, após um ano, decidir de forma definitiva o futuro da função de “zero dois” nas secretarias.

“A cidade está desordenada em todos os casos. E as coisas não estão funcionando direito. Eu não posso extinguir para depois criar tudo outra vez. Eu deixo elas contingenciadas. Daqui a um ano vou entender melhor e definir se vou ou não extingui-las”, afirmou.

Mabel chegou à coletiva nesta terça acompanhado por vários vereadores, após uma reunião fechada na sala do presidente da Câmara Romário Policarpo (PRD). Nos bastidores, o prefeito eleito tem sinalizado que não pretende nomear muitos indicados dos vereadores para cargos no Paço Municipal, marcando um contraste com os anos da gestão Cruz.

O posicionamento, porém, tem feito crescer as expectativas em torno dos nomes que ocuparão as secretarias, que devem ser anunciados a partir desta quarta-feira (11). Com a confirmação apenas de Valdivino Oliveira (Fazenda) e Giselle Faria (Educação), entre as possibilidades para as pastas no âmbito da Câmara, estão os nomes da vereadora não reeleita Sabrina Garcêz (Republicanos) e o de Gabriela Machado, atual diretora legislativa da Câmara e peça-chave na elaboração do projeto de reforma administrativa. Nos bastidores, o nome de Gabriela está praticamente selado para a Casa Civil.

Assinado pelo atual prefeito, a proposta de alterações foi lida em plenário na manhã desta terça e segue para análise da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Conforme mostrou O POPULAR, a proposta renomeia 10 pastas, mantém 18 secretarias, cria três e extingue outras três. Segundo Mabel, as mudanças visam trazer “agilidade” e o espírito de “gestão” para a Prefeitura.

Questionado sobre críticas de que teria extinguido a área de assistência social, Mabel negou explicando que, nas mudanças feitas, a pasta será incorporada à futura secretaria de Políticas para as Mulheres, Assistência Social e Direitos Humanos. “Tudo para que possa ter um funcionamento melhor, pois elas não tinham. Não eram integradas. Elas perdem verbas por causa dessa integração”, disse.

Fiscalização

Em relação à criação de uma secretaria específica para cuidar de licenciamentos e fiscalização, Mabel disse que a medida busca reduzir a burocracia e agilizar os processos. O futuro prefeito enfatizou que a centralização dessas funções em uma pasta é relevante para impulsionar o desenvolvimento da cidade. “Nesse sistema atual (da gestão Cruz), se eu quiser fazer 15 mil casas, não consigo fazer nem 3 mil”, criticou.

No âmbito da fiscalização, Mabel garantiu que, em sua gestão, os fiscais da Agência Municipal de Meio Ambiente (Amma) continuarão desempenhando suas atribuições relacionadas à proteção ambiental. Sobre possíveis irregularidades na área, ponderou a necessidade de se ajustar o foco das secretarias e agências municipais em suas finalidades principais.

“Não está (irregular). O que nós achamos é que tanto a Amma quanto a Seplanh precisam ter sua finalidade, que é principalmente fazer as políticas, e pensar em novas,” disse Mabel, criticando a falta de planejamento estratégico na cidade.

O presidente da Câmara afirmou que o projeto da reforma administrativa será analisado de forma acelerada, defendendo que a gestão tenha as ferramentas necessárias para governar conforme suas diretrizes, lembrando que “ele foi escolhido pela população para administrar a cidade”. Sobre os ruídos envolvendo a possibilidade de Cruz não assinar a proposta, Policarpo minimizou. “O importante é que ele assinou. Ele tem dado a sua parcela de ajuda nessa parte da transição, e a gente espera que continue dessa forma, harmoniosa.”

Mabel diz que redução no Paço se dará nos comissionados

O contribuinte goianiense pode preparar o bolso. A partir de 2025, a Prefeitura passará a cobrar a taxa do lixo. Prevista no marco legal do saneamento desde 2020, ela está em votação na Câmara Municipal, a pedido da equipe do prefeito eleito Sandro Mabel (UB).

Conforme a legislação federal, a taxa visa manter a viabilidade econômico-financeira do serviço, e sua arrecadação deve ser revertida exclusivamente a toda a logística em torno dele.

Conceitualmente, tem sentido, pois atua como desestímulo à produção excessiva de resíduos. Por outro lado, há pontos que precisam ser esclarecidos, pois os critérios de cobrança e os valores só serão conhecidos posteriormente, por meio de decreto do Poder Executivo. O teto anual previsto no projeto é de R$ 1,6 mil, pesado para a maioria dos contribuintes, já sufocados por uma carga tributária que não retorna como serviços de qualidade.

E não há qualquer garantia de que a taxa de lixo resolverá as falhas na coleta e tratamento dos resíduos na capital — vide a quantidade de ruas às escuras apesar da existência da contribuição de iluminação pública. A gestão Mabel só começa em 2025, mas deixará um presente de grego antes do Natal.