Depois de mais de dois anos, o trecho 1 do BRT Norte Sul, que liga o Terminal Isidória, em Goiânia, ao Cruzeiro do Sul, em Aparecida de Goiânia, ganha um novo aceno. A Caixa Econômica Federal, instituição que financia o empreendimento, deve concluir ainda em abril a análise da documentação para retomada dos trabalhos. Caso tudo ocorra da melhor forma, a partir daí a Prefeitura terá o sinal verde para uma nova licitação. Desde que teve início, em 2015, a construção foi paralisada várias vezes, por motivos diversos. A última, em dezembro de 2021, quando o consórcio então responsável desistiu com apenas 8% concluídos. Lá se vai quase uma década de prejuízos para o comércio local, para os cofres públicos e, principalmente, para a mobilidade de milhares de pessoas. O último contrato era de R$ 67 milhões. A estimativa atualizada é de que serão necessários R$ 87 milhões. O trecho 2, que vai do Terminal Isidória ao Recanto do Bosque, na região norte da capital, continua em obras. A previsão da Prefeitura é que ele esteja em funcionamento até julho. Para o trecho 1, nem estimativa há. Pelo histórico, é aconselhável que o usuário do transporte tenha paciência em suas expectativas.

Retomada do BRT

Editorial

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Matéria - Opinião - Editorial

Avaliações educacionais são bússolas para checar rotas e, caso necessário, mudá-las. Principalmente as de âmbito internacional, que permitem a comparação entre nações. A mais recente delas, divulgada na última semana, aponta mais uma vez que as escolas brasileiras não têm cumprido sua missão satisfatoriamente. O Estudo Internacional de Tendências em Matemática e Ciências (Timss, na sigla em inglês) reforça o que outros indicadores, como o Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa), apontam repetidamente. O desempenho dos alunos brasileiros fica bem atrás do de outros países, inclusive daqueles em desenvolvimento, como Coreia do Sul, Finlândia e Chile. Segundo o estudo, Goiás está acima da média nacional no quarto ano do ensino fundamental. Contudo, fica para trás no oitavo ano, o que indica que o desempenho piora conforme os alunos se aproximam do ensino médio.Com avaliações do tipo em mãos, as escolas goianas têm a oportunidade de identificar o que está dando errado na trajetória do estudante desde que ele ingressa na escola. A partir desse diagnóstico, elas devem corrigir os rumos por meio de melhoria nas práticas pedagógicas.

Avaliação da educação

O Dia Mundial de Combate à Aids, lembrado em 1º de dezembro, passou quase em branco. Paradoxalmente, essa é uma boa notícia, visto que a doença deixou de ser tão devastadora quanto nas décadas de 1980 e 1990. Esse é um exemplo de que política públicas bem executadas podem ter efeitos muito positivos na saúde da população. O programa brasileiro é considerado um dos melhores do mundo, sendo pioneiro, há 30 anos, na distribuição gratuita de antirretrovirais e, atualmente, nas novas formas de prevenção à transmissão do vírus — como as terapias de pré e pós exposição ao HIV. Em Goiás, boas práticas foram reconhecidas pelo Ministério da Saúde. A Secretaria de Estado da Saúde e os municípios de Jataí, Anápolis, Trindade e Rio Verde receberam selos por ações de prevenção.Em Goiânia, a taxa de novas infecções caiu de 50 por 100 mil habitantes em 2014 para 32 por 100 mil neste ano. Restam obstáculos a serem vencidos, como ampliar a oferta de testagem e de tratamento para populações vulneráveis economicamente ou marginalizadas socialmente. O modelo de combate ao HIV e à aids no Brasil deve servir de exemplo para outras áreas de saúde pública.

Política que dá certo

Fatos negativos sobre a gestão da saúde no município de Goiânia se atropelam em velocidade assustadora. Em uma semana, a secretaria de Saúde vai para o terceiro titular, sendo que um deles foi preso e sua substituta ficou poucos dias no cargo. A confusão indica como a rede chegou a um ponto em que pessoas morrem à espera de vaga em UTI, doentes ficam sem medicação, outros aguardam meses por consultas e cirurgias, servidores trabalham sem insumos básicos, ambulâncias ficam paradas sem combustível e unidades de saúde não têm ao menos a limpeza adequada. É verdade que não é a primeira vez que o atendimento público passa por problemas na capital. A ausência de especialistas, como pediatras, é crônica, para ficar em um exemplo. Mas poucas vezes se viu um poço tão profundo, em que as pessoas socialmente vulneráveis, as que mais precisam, são as mais prejudicadas. A crise atual é uma construção coletiva, do prefeito aos gestores da área. Por sua vez, os órgãos de controle, como Ministério Público, Tribunal de Contas dos Municípios e Câmara de Vereadores não evitaram a rápida piora na prestação de serviços na rede municipal, que precisa ser recuperada rapidamente.

Ainda o caos na saúde

A reportagem principal da edição do POPULAR desta terça-feira (3) amplia a coletânea de evidências sobre a urgência de uma reformulação profunda no serviço de saúde prestado pela Prefeitura de Goiânia. Em visita a sete unidades de urgência e emergência da rede municipal, o Ministério Público detectou a falta de itens básicos para o trabalho dos profissionais, como luvas, gaze e soro. Os promotores notaram ausências de medicamentos utilizados rotineiramente, como antibióticos, corticoides e até mesmo dipirona. Em uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA), uma droga para tratamento de feridas está em falta há mais de um ano. Sem condições mínimas de trabalho, os profissionais têm pouco a fazer pelos pacientes, o que pode levar ao agravamento do estado de saúde. Esse paciente acaba demandando vagas em hospitais que atendem casos de mais complexidades, inclusive nas unidades de terapia intensiva. A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) diz que iniciou compras emergenciais de suprimentos. A próxima gestão, que começa em janeiro, terá de dar prioridade para a solução desses gargalos, para que deixem de se repetir. A saúde é um direito do cidadão.