Dona de personagens marcantes do humor, a atriz Marisa Orth está de volta às telinhas na pele de Rita na reprise do seriado Toma Lá Dá Cá (2007-2009), na TV Globo/TV Anhanguera, após o No Balaio. Na trama, a personagem Marisa Orth trabalha como corretora de imóveis e é casada com o dentista Arnaldo (Diogo Vilela), mas já foi esposa do também corretor de imóveis Mário Jorge (Miguel Falabella), que está casado com a dona de casa Celinha (Adriana Esteves), ex de Arnaldo. Os dois casais moram no mesmo condomínio, o Jambalaya, e são vizinhos de porta, o que dá o combustível da comédia atemporal. Marisa, que acaba de ser escalada para o elenco do Zorra, ficou feliz com a reação carinhosa do público nas redes sociais pela volta do programa após 13 anos de sua estreia. Aos 56 anos, Marisa, que diz guardar com carinho as lembranças de suas passagens pelos palcos de Goiás, seja cantando na banda Vexame ou atuando, não vê a hora da pandemia da Covid-19 passar. A saudade do contato real com o público é enorme. “Quando terminar a pandemia acho que vou morar num palco”, conta na entrevista. Confira trechos: Como recebeu a notícia do retorno do Toma Lá Dá Cá na programação da TV Globo?Amei saber do retorno. Acho que Toma Lá Dá Cá é um programa pouco explorado, por mais que tenha sido um grande sucesso. O humor das personagens às vezes dolorosamente engraçados está cada vez mais pertinente. O que esse trabalho representou na sua carreira?Para mim foi um desafio por ter que construir uma personagem diferente da Magda de Sai de Baixo, que já era um sucesso. Acho que a missão foi concluída! E estar ao lado dos atores que compunham o elenco era aprendizado de alto nível diário. Quais razões você credita ao sucesso da série?O texto do Toma Lá Dá Cá é muito bom, com um humor calcado nas personagens. Como resistir a um papo entre Bozena, Alvara e Copélia? Os dois casais de base, por mais tresloucados que possam parecer, funcionam como um “normal” flutuando na órbita de outras personagens completamente fora de qualquer padrão. No entanto, quem pode dizer que sua própria vida, com uma tinta a mais aqui ou ali, não renderia uma programação de comédia? Quais as principais lembranças que guarda do período de gravações? Tenho lembranças divinas. Sério. Nunca houve uma briga. Nem entre atores ou quaisquer membros da equipe. Aprofundei minha amizade com o Diogo Vilela, o Miguel Falabella, a Adriana Esteves, a Stella Miranda, a Arlete Sales, e conheci gênios como a Alessandra Maestrini, o George Sauma, o Daniel Torres e a Fernanda Souza! Isso sem falar na honra das participações de Ítalo Rossi e Norma Benguel. Só alegria mesmo. De forma a série também renovou sua parceria de tantos anos e trabalho com o Miguel Falabella e o Diogo Vilela? Foi muito legal contracenar com Miguel e Diogo de outro jeito. A Rita é muito diferente da Magda. Assim como Mário Jorge, do Caco! Era hilário a gente viver ex-marido e mulher, que parecia uma espécie de “vingança“ da Magda. Tudo o que Magda era de complacente Rita era de intransigente. Com Diogo, já tínhamos feito pares antes. Em novelas, outros programas de mais curta duração. Admiro muito o Diogo e agradeço por ele ter me dado um novo marido. Como está vivendo sua quarentena? Incluiu alguma nova atividade na rotina?Sempre gostei de cozinha, e melhorei muito. Conheci mais dezenas de receitas de bolo, inventei outras, acertei fazer um pão crocante e uma massa de pizza que dava para ser de restaurante. Parei, pois do contrário estaria rolando e não andando. De outro lado, tenho feito exercícios diariamente e isso tem sido um vício positivo também! Relembrei a ioga, consegui atingir momentos de concentração. E passei a rezar muito mais. Pela saúde do nosso povo, para que a triste sina de um País que não sabe escolher seus governantes não continue sendo a de morrer numa fila do SUS. Você estará na próxima temporada do Zorra também. Como tem sido o trabalho? Eu estava prestes a integrar o elenco 2020 do Zorra quando entramos nessa pandemia. Estávamos esperando até que começamos as gravações em casa. Isso tem sido uma experiência interessantíssima e bem desafiante. Tem inclusive me aproximado do meu filho, que estaria cursando o último ano de cinema. Até como ator ele tem trabalhado comigo. Estou muito curiosa com o resultado. Como vê a importância do humor neste momento difícil que vivemos?Vejo com muita alegria que desde há alguns anos o humor, no Brasil e no mundo, vem tomando uma posição de mais destaque, seja na valorização dos humoristas com o consumo muito mais alastrado de “produtos“ de humor. Isso é muito diferente na geração do meu filho, que hoje está com 21 anos. E em relação a pandemia, com uma doença que por sua característica cria situações muitas vezes dramáticas, como por exemplo uma pessoa assintomática poder causar a morte de outras, o humor é importantíssimo! Para aliviar, elevar os espíritos e, simultaneamente, “colocar o dedo“ em feridas aparentes e abertas pela revelação de nossa condição social e política. Sem humor não dá. Quais seus planos para o fim da pandemia?Quando terminar a pandemia acho que vou morar num palco. Para fazer teatro, shows, e musicais. Afinal é o que eu mais gosto e, acredito, sei fazer.