Quem viu o cantor Davi Sabbag a plenos pulmões em coreografias divertidas nos tempos de Banda Uó, vai se surpreender com seu novo perfil em carreira solo. “Não vejo como novo começo, mas como uma continuação do meu trabalho”, conta o goiano. Ele esteve durante sete anos à frente da Uó e, agora, lança nas plataformas streaming músicas que antecipam o primeiro disco de um projeto bem pessoal que será divulgado até o fim do mês. Sucesso na internet, Davi já lançou Tenho Você, single que acumula mais de 1 milhão de visualizações no YouTube. No videoclipe, o cantor passeia pelas ruas molhadas de cidadezinhas do litoral da Espanha enquanto canta sobre um amor leve e juvenil. Já em Seu Direito, divulgada em outubro, ele imerge em um jogo perigoso sobre o descarte e a liquidez das relações modernas. Com pegadas eletrônicas e do R&B, os hits vagueiam por referências que vão desde J Balvin até Drake e Frank Ocean. “É muito bom, depois de quase dez anos, poder falar sobre o que eu quero e embarcar em sonoridades pensadas e escutadas por mim. Na Banda Uó, éramos um trio”, explica Davi, que diz cuidar de cada detalhe do processo criativo. Sem contrato com gravadora, trata-se de um trabalho independente. “O investimento é todo meu. É hora de experimentar sonoridades novas e me apresentar ao público de forma mais pessoal”, explica. Davi, hoje com 28 anos e há sete morando em São Paulo, acumula trabalhos com música desde os 6 anos, quando ganhou do pai um teclado de brinquedo, daqueles com muitas luzinhas e sons infantis. “Meu pai percebeu que eu conseguia pegar o ritmo só de ouvir”, conta. Quando fez 8 anos, foi matriculado em escolas de música em Goiânia e, ao mesmo tempo, era campeão de ginástica artística em campeonatos do Estado. Aos 18, foi tentar música em Nova York.“A experiência foi única e me fez ter contato com um outro universo musical”, conta. A curva da virada em seu trabalho com música acabou surgindo quando, ainda na graduação em Composição, na Escola de Música e Artes Cênicas da UFG, deu de cara na noite de Goiânia com os artistas Mel Gonçalves e Mateus Carrilho. O encontro dos três resultou no surgimento da Banda Uó, um dos grupos que mais pipocaram na internet no início dessa década.“A Banda Uó foi um grande projeto e que me possibilitou ter um olhar mais acentuado para o próprio processo de produção e imersão de música. Fui morar em São Paulo por conta do grupo”, explica Davi. Hoje, o cantor diz que não voltaria para Goiânia, cidade natal e onde ainda mantém contatos afetivos, com vários familiares e amigos. “As possibilidades de São Paulo são únicas para a minha carreira e o que eu quero fazer nos próximos anos. Acredito que Goiânia ainda precisa ter muitos estímulos públicos para artistas e profissionais da cultura.”PolíticaNas redes sociais, Davi diz o que quer, inclusive sobre posicionamentos políticos. Durante as discussões sobre a polêmica do pink money (dinheiro gasto por gays) envolvendo o cantor Nego do Borel no videoclipe de Me Solta, o goiano foi parar os assuntos mais comentados do Twitter depois de publicar a mensagem: “Chega de oportunismo hétero em cima dos gays”, escreveu.Já no segundo turno das eleições presidenciais, Davi foi mais intrínseco: “Nunca foi discutido tanta política. Cuidado nos próximos dias, vamos nos manter seguros. Vamos nos manter unidos e espalhar o amor, continuar vivendo, trabalhando, fazendo nossa arte e sendo resistência”, pontuou.