Se no Brasil a maioria dos clubes ainda não retomou os treinos presenciais, do outro lado do mundo isso já ocorre há muito tempo. Em alguns locais, sequer houve paralisação. É o caso de Yokohama, no Japão, onde o atacante Erik, ex-Goiás, começa trajetória no futebol internacional no que, para ele, está sendo “um início perfeito”.Apesar de não ter tido treinos interrompidos, o atual campeão japonês não disputa jogos desde fevereiro, quando a J-League, 1ª Divisão japonesa, foi interrompida por causa da pandemia do novo coronavírus. As partidas no país serão retomadas no dia 4 de julho - apenas a 1ª rodada do Campeonato Japonês foi disputada. A J-League tem calendário de fevereiro a dezembro normalmente.“Aqui, não paramos. Continuamos treinando (on-line) e nos cuidando ao mesmo tempo. Seguimos os trabalhos, todos os atletas e respeitando medidas de prevenção. Sinto falta dos jogos, mas agora é continuar trabalhando forte para voltar em alto nível”, comentou o ex-esmeraldino de 25 anos que defende o Yokohama Marinos desde agosto do ano passado.O período já foi suficiente para o atacante marcar gols e ser campeão da J-League. “Estou muito feliz não só pelos números, mas por tudo que estou vivendo aqui. Está sendo algo muito especial. Sigo crescendo como atleta e ser humano também. É uma experiência incrível”, salientou o atacante.Mesmo do outro lado do planeta, Erik não esquece as raízes brasileiras quando o assunto é comida. “O nosso arroz e feijão não faltam por aqui. Tem alguns mercados brasileiros e minha esposa (Weidila Magenski) prepara pra nós. Então, em relação à comida e seguir nossa cultura culinária, não tivemos problema”, frisou o jogador, que contabiliza 10 gols e 5 assistências em 15 partidas pelo Yokohama Marinos.Segundo o jogador, uso de máscaras e de álcool em gel faz parte da rotina das pessoas no Japão há meses. Uma das consequências da pandemia da Covid-19 foi o adiamento dos Jogos Olímpicos de Tóquio-2020 para o ano que vem. Agora, serão disputados entre os dias 23 de julho e 8 de agosto de 2021. Erik explicou à reportagem que existe uma orientação, do Yokohama Marinos, clube em que ele atua, para que atletas não falem, em entrevistas, sobre como o país reagiu ao adiamento, mas resumiu dizendo que “foi um baque grande”.Emprestado pelo Palmeiras até o fim de 2020, Erik atua fora do Brasil pela primeira vez na carreira. O jogador também vestiu as camisas de Botafogo e Atlético-MG, mas tudo começou no Goiás, onde ficou mais de 11 anos desde as categorias de base. Segundo o atacante, ter sido a revelação do Campeonato Brasileiro pelo clube esmeraldino, em 2014, abriu portas. Uma das que ele ainda pretende abrir é a do futebol europeu.“Hoje, estou muito feliz aqui e vivendo intensamente essa experiência. Temos quatro grandes competições, muitos jogos e o objetivo é sempre fazer o melhor a cada partida e um grande trabalho em conjunto para fazer o Yokohama Marinos cada vez mais forte. Europa, quem sabe um dia. Acredito que, no tempo e na hora certos, poderá acontecer. Ainda tenho muita coisa pra viver por aqui”, disse o atacante Erik, que não vê diferenças no estilo de jogo praticado no Japão em relação ao futebol brasileiro.“Temos uma equipe que joga de maneira ofensiva e sempre busca o gol, agredindo ofensivamente o adversário. Por tudo isso, foi fácil e não achei diferença nenhuma do nosso futebol. Achei o nível até maior em relação à forma que jogava no Brasil”, opinou o jogador.Liga mais estrelada e nova culturaPaís diferente, língua nova e sem conhecidos por perto. Foi assim que Erik desembarcou no Japão no ano passado, mas a adaptação foi rápida graças aos brasileiros. Na região onde o jogador mora com a mulher, em Yokohama, não faltam conterrâneos para ajudá-los na comunicação e conhecimento da nova cultura.Alguns jogam com Erik. O Yokohama Marinos tem outros três brasileiros no elenco: Thiago Martins, Marcos Júnior e Edigar Junio. “No início, eles foram fundamentais nessa adaptação junto com os intérpretes e o estafe do clube. Criamos uma grande família Brasil e Japão, isso tem sido muito importante para buscarmos mais conquistas”, comentou o jogador, que chegou ao Japão em um momento de crescimento da liga, que tem nomes de peso do cenário mundial atuando no País.“A J-League 1 cresceu muito nos últimos anos. O nível está alto, peguei uma geração de grandes jogadores por aqui, como Iniesta, Fernando Torres, David Villa, Podolski e vários outros atletas de alto nível do nosso país, como Jô, Damião e Diego Oliveira. O que facilitou para o Yokohama Marinos é que estamos recheados de brasileiros de qualidade e muitos outros jogadores que estão na seleção Japonesa. Contamos também com a presença do capitão da Tailândia (Theeraton Bunmathan), atleta de nível muito alto”, frisou o atacante.Cria do Goiás, Erik sempre diz ser grato e manter carinho pelo clube goiano. “Tenho contato com muitos torcedores e sou muito grato pelo carinho. Os funcionários Hely Maia, Bebeto, Rosiron, pessoas de um coração gigantesco. Galera da rouparia também, em que eu gostava muito de estar, escutar e contar histórias. Sempre procuro saber como estão e como está o clube”, comentou o jogador, que acompanha notícias, assiste aos jogos e diz que, quando voltar ao Brasil, visitará Goiânia. “Com certeza, irei aí pra rever os amigos e aproveitar essa comida goiana maravilhosa (risos)”, avisou.