Os Jogos Paralímpicos de Tóquio-2020 começam um ano depois da previsão inicial, após o adiamento por causa da pandemia da Covid-19. Previsto para o dia 25 de agosto de 2020, o evento terá cerimônia de abertura na próxima terça-feira (24) e início das provas na quarta-feira (25), ainda em meio à pandemia. O Brasil, assim como ocorreu nas Olimpíadas, chega para a competição paralímpica com a maior delegação em uma edição e terá 13 atletas goianos na disputa, com outros quatro de outras localidades e que atuam por clubes goianos.Tóquio-2020 será a estreia para seis atletas goianos em uma Paralimpíada. Ercileide da Silva, Carlos Gomes, Lethicia Rodrigues, Millena França, Rejane Cândida e Hélcio Gomes vão estrear no maior evento paralímpico do mundo. Rodrigo Parreira, Ruiter Silva, Vanilton Filho, Jane Karla, Adria da Silva, Jani Freitas e Nurya de Almeida vão para a segunda edição. Com exceção de Jane Karla, todos os outros atletas são medalhistas paralímpicos - confira informações sobre cada competidor no fim deste texto.“Eu temia que os jogos não fossem acontecer quando foram adiados em 2020. Bateu uma ansiedade grande porque me preparei por toda a vida esportiva para chegar aqui. Era o meu momento. Se não acontecesse, não sei se teria outra oportunidade”, comentou Ercileide da Silva, atleta da bocha, que pratica o esporte desde 2008 e chega ao Japão como medalhista de prata nos Jogos Parapan-Americanos, de Lima, em 2019.São 22 modalidades disputadas nos Jogos Paralímpicos de Tóquio-2020 e sete terão atletas goianos: atletismo (salto em distância), bocha, ciclismo, natação, tênis de mesa, tiro com arco e vôlei sentado. Dos 13 atletas goianos, apenas Adria da Silva, Nurya de Almeida, Jani Freitas (vôlei sentado) e o atirador Hélcio Gomes atuam no Estado. Os demais estão espalhados por outras localidades do País e do mundo. Jane Karla e Lethicia Rodrigues, mãe e filha, moram em Portugal.Entre os goianos em Tóquio, alguns mudaram de esporte ao longo de suas respectivas carreiras. Rejane Cândida jogava tênis em cadeira de rodas, mas migrou para o tiro com o arco em 2020. Jane Karla foi atleta no tênis de mesa por mais de dez anos, com presença em Paralimpíada, e passou a atuar no tiro com arco em 2014. No mesmo ano, Millena França deixou de atuar no tênis em cadeira de rodas para se dedicar ao tênis de mesa.“Já conhecia o tênis de mesa, tive uma experiência bem legal em 2014 e gostei. Sempre gostei de esportes com raquetes e resolvi fazer um novo. Deu super certo. Estou em Tóquio hoje e muito feliz por viver essa experiência. Estou em busca de uma medalha, acredito que tenho de viver o momento de cada vez. Agora é Tóquio, quero estar em Paris também, mas vou ter tempo para pensar na França depois”, declarou Millena França, de 26 anos.Em Tóquio, também estarão quatro atletas que competem por clubes goianos ou vivem em Goiás, mas nasceram em outras localidades. No tiro com arco, Andrey Muniz é atleta do Goiás, mas natural de Apucarana. Ele mora em Goiânia e chega empolgado no Japão, após conquistar uma medalha de prata no arco composto no Parapan-Americano da modalidade, disputado em Monterrey, neste ano.No vôlei sentado, Luiza Fiorese (capixaba) e Pamela Pereira (maranhense) são atletas da Associação dos Deficientes de Aparecida de Goiânia. Já Camila de Castro é carioca e representa a Associação dos Deficientes do Estado de Goiás.Os Jogos Paralímpicos de Tóquio-2020 terão um médico goiano, Marcelo Machado Arantes, na equipe de saúde do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB). O técnico do time de tiro com arco, Henrique Junqueira, é goiano de Inhumas, José Guedes é paraibano e é treinador da Associação dos Deficientes de Aparecida de Goiânia e do Brasil no vôlei sentado feminino.Paternidade e cirurgia no cicloO ciclo paralímpico foi diferente para todos os atletas que estarão em Tóquio, por causa do adiamento do evento esportivo em um ano. Medo de não realização, improviso nos treinos e ansiedade para a nova data marcaram o intervalo entre o adiamento e o início dos Jogos, na próxima semana. O período, no entanto, foi aproveitado pelos atletas em experiências que não estavam no cronograma inicial.O nadador goiano Ruiter Silva, que vai competir nas provas de 50m livre (dia 29), 200m medley (dia 30) e no revezamento 4x100 livre (dia 1º de setembro), viu o nascimento da filha, a pequena Júlia, hoje com 9 meses. Ele também aproveitou o período para iniciar um tratamento psicológico, após detectar alguns problemas antes de provas.“O período do adiamento foi um momento difícil, mas acabou sendo especial porque pude participar de toda a gestação da Julia com minha esposa (Dany Loyola) e também aproveitei o tempo para fazer um trabalho psicológico por melhor performance”, comentou o nadador de 28 anos, que explicou que já desistiu de provas por causa da pressão que envolve uma competição e perdeu segundos em disputas por não estar 100% concentrado.Ruiter reforçou que se vê melhor mental e fisicamente para buscar uma nova medalha paralímpica. O goiano de Catalão foi prata na Rio-2016, no revezamento 4x100 livre, e acredita que terá mais chance de medalha nesta prova no Japão.Quem também pôde curtir o nascimento da filha, a primeira, foi o atleta Rodrigo Parreira, do salto em distância. A pequena Heloísa completará cinco meses de vida durante a participação do goiano de 26 anos nos Jogos Paralímpicos. “O que me marcou nesse período foi o nascimento da minha filha, a Heloísa. Eu amo aquele bebê gostoso (risos). Mas foi um ano bem difícil. Não estava no planejamento esse adiamento e perdi um pouco de rendimento. Consegui recuperar o tempo perdido com treinos intensos e hoje estou voando. Nem radar me pega do tanto que estou veloz para saltar”, avisou o competidor que é natural de Rio Verde, mas mora em Uberlândia.Outro nadador goiano que vai competir no revezamento 4x100 livre é Vanilton Filho. No período do adiamento, o competidor de 28 anos aproveitou para antecipar uma cirurgia. O atleta sofria com dores no tornozelo, e tinha programado um procedimento cirúrgico para depois dos Jogos Paralímpicos, se fossem realizados em 2020.“Foi a oportunidade que encontrei para tratar essas dores. Fiz a cirurgia no tornozelo por causa de uma calcificação óssea que me incomodava muito na região do tendão. Isso me gerou dores e inflamação. Pude antecipar a cirurgia e hoje estou bem melhor”, salientou o competidor, que também está confiante para a conquista de medalha em Tóquio.“Quem está aqui tem uma chance. Na natação, tem o ditado que, se tem uma raia para nadar, você tem chance. Todos estão bem preparados, a minha expectativa existe e é alta (para conquista de medalha)”, completou Vanilton Filho.-Imagem (1.2305842)