A Sama Minerações, empresa do grupo Eternit e proprietária da mina de amianto crisotila Cana Brava, em Minaçu, Norte do Estado, demitirá nesta sexta-feira seus 281 funcionários. A medida deve provocar um forte impacto na economia do pequeno município, que tem 30% de sua arrecadação provenientes das atividades da mina. Mas, com o efeito cascata, a expectativa é de que as perdas sejam maiores.Depois que o Supremo Tribunal Federal (STF) baniu o uso do amianto no Brasil, a Confederação Nacional dos Trabalhadores na Indústria (CNTI) e o Instituto Brasileiro de Crisotila (IBC) apresentaram embargos declaratórios à Corte, pedindo o fechamento gradual da mina, em dez anos, para que fossem feitas todas as adequações necessárias. As entidades também fizeram um pedido de efeito suspensivo para que a mina pudesse operar até o julgamento dos embargos. A produção foi paralisada e os trabalhadores postos em licença não-remunerada à espera de uma posição do STF, que não chegou. Um acordo feito com a Sama pré-agendou os desligamentos para hoje, caso a corte não se pronunciasse. Na última quarta-feira, os trabalhadores foram convocados para comparecer à empresa hoje para as rescisões dos contratos.O presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Extrativas de Minaçu, Ademan Araújo Filho, informa que a maioria dos 281 empregados da Sama não tem como conseguir um outro trabalho na região. Por isso, a tendência é de que muitos deixem a cidade. A expectativa é grande quanto ao início das atividades da mineradora Serra Verde, que deve explorar terras raras na região, mas ainda sem previsão de início.O sindicalista informa que a prefeitura já anunciou a demissão de funcionários comissionados por conta da queda na arrecadação. “A empresa já está há 90 dias sem produzir e gerar impostos para o município. Começa uma fase difícil”, prevê. Segundo ele, além de pagar os melhores salários e benefícios da região, a Sama também arca com 90% das mensalidades e material escolar para os filhos de seus empregados, além de subsidiar até 80% dos medicamentos e pagar planos de saúde.O prefeito de Minaçu, Zilmar Duarte (PTC), informa que a Sama responde por mais de 30% da arrecadação no município, que ainda perderá a contrapartida financeira pela exploração de recursos minerais. Mas o maior problema será o efeito cascata com o aumento do desemprego, pois cada emprego perdido corresponde a outros cinco indiretos. O prefeito confirma que já estão previstas demissões na administração por conta da perda na arrecadação. A empresa também garantia acesso a serviços de saúde aos funcionários e suas famílias. “Serão centenas de pacientes migrando da rede particular para a rede pública de saúde, assim como na educação. O município não comporta esse aumento de demanda. É muito grave o que está ocorrendo”, alerta Zilmar. O presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Minaçu, Júlio Mariano da Silva, prevê que muitos trabalhadores deixem a cidade em busca de novas oportunidades de trabalho em outras regiões, o que vai resultar em queda nas vendas do comércio. A opinião é compartilhada pelo comerciante Ailton Gratão, pois só a suspensão das atividades da mina já havia provocado queda na movimentação. “Sem trabalho, as pessoas vão cortar mais gastos e o dinheiro vai sumir da economia da cidade”, destaca.-Imagem (1.1810299)