O transporte coletivo da região metropolitana de Goiânia (RMG) vai ser exclusivo para trabalhadores de serviços considerados essenciais durante os horários de maior fluxo de passageiros. A medida tem o objetivo de diminuir aglomerações nos ônibus e terminais para diminuir a disseminação do coronavírus. A pandemia está no pior momento em Goiás, com recorde nos números de mortos e internações. A decisão foi acertada em reunião com os prefeitos na manhã deste domingo (21) em uma videoconferência.Os trabalhadores de serviços considerados essenciais, que utilizam transporte coletivo nos horários de pico, devem fazer um cadastro pelo site da Rede Metropolitana de Transporte Coletivo (RMTC). Apenas pessoas cadastradas poderão utilizar os ônibus coletivos nos horários de 5h45 até 7h15 e 16h45 até 18h15. Nesse período só vai conseguir passar na catraca de acesso ao interior do ônibus, estação ou terminal, a pessoa que tiver um cartão SitPass com o número do Cadastro da Pessoa Física (CPF) inserido no cadastro. Esse cadastro deve ser feito pelo menos uma hora antes do embarque do passageiro.A ideia de fazer o cadastro pela internet é no sentido de diminuir possíveis aglomerações nas entradas de ônibus e terminais, caso ele fosse feito de forma manual. Além do CPF, na hora de fazer o cadastro, o usuário do transporte tem que enviar uma foto da carteira de trabalha ou crachá, que comprovem seu trabalho. As atividades consideradas essenciais são definidas em decreto estadual. (Veja quadro).O titular da Secretaria-Geral da Governadoria (SGG), Adriano da Rocha Lima, defende que o cadastro pela internet é viável. Ele lembra que os usuários do transporte coletivo já utilizam a rede para comprar crédito para o cartão SitPass. “Dificilmente tem uma pessoa hoje que não tenha celular. Isso facilita muito. É um cadastro que praticamente não vai consumir o plano de internet. Se não tiver plano, usa uma rede wi-fi ou pode ser em algum computador.”Adriano explica que as aglomerações no transporte coletivo acontecem durante os horários de pico. Ele avalia que com essa restrição de horário aos trabalhadores das atividades essenciais, haverá uma distribuição da demanda de passageiros durante o dia, já que as pessoas não cadastradas serão obrigadas a utilizar outros horários.Pesquisa recente da RedeMob revelou que mais da metade dos usuários do transporte coletivo não são trabalhadores dos serviços essenciais. Dentre os que usam os ônibus para ir trabalhar, 26% são empregados domésticos e 18% são funcionários do comércio, ambas atividades consideradas como não essenciais.Essa é realidade de Goianira, em que mais de 3 mil pessoas circulam no transporte coletivo durante o dia, indo trabalhar em cidades vizinhas como Goiânia e Senador Canedo. O prefeito do município, Carlão da Fox (PSDB), apoia a medida que restringe o transporte coletivo nos horários de pico. “Nossa orientação é que (os trabalhadores de serviços não essenciais) fiquem em casa, mas se tiver que sair realmente, não poderão transitar nesses horários.”Para a implementação da mudança no transporte coletivo dar certo, os usuários do transporte devem ser informados de forma massiva durante toda a segunda-feira (22). Em Goianira, o prefeito vai utilizar carros de som explicando como fazer o cadastro para usar ônibus nos horários de pico. No entanto, há expectativa que possa haver passageiros desinformados nos primeiros dias, que acabem tendo que esperar na porta do terminal e pontos de ônibus. A medida deve durar até o dia 31 de março, quando acaba as medidas restritivas definidas em decreto estadual.A reunião da manhã de ontem contou com a presença do governador, Ronaldo Caiado (DEM) e representantes de todos os municípios da RMG. Nenhum se manifestou contra a medida de mudança no funcionamento do transporte.4 perguntas para Murilo Ulhoa Presidente da CMTC pede colaboração de patrões para garantir mudança no horário de pico do transporte coletivo e garante que não haverá diminuição de ônibus1 - Como garantir que trabalhadores de serviços não essenciais causem aglomeração nos terminais?A comunicação é o sucesso dessa medida. A gente sabe que no primeiro momento, na terça provavelmente, teremos algumas dificuldades, por causa da informação que às vezes não chega em algumas pessoas. Às vezes haverá alguma insistência. Mas acredito que após terça isso vai começar a ser evitado. Os próprios usuários vão perceber que não adianta chegar nesse período (horário de pico), que não vai entrar. A gente conta com a compreensão não só dos usuários, mas dos patrões. Trabalhador nenhum quer burlar decreto, mas às vezes eles não têm autorização do patrão para que mude o horário.2 - Haverá menos ônibus nos horários de pico, com essa restrição de passageiros? Isso é importante deixar claro: 100% da frota está em operação. Inclusive os ônibus reserva. Não existe possibilidade de redução da frota. A população pode ficar tranquila. É para dar certo. Tem que dar certo. Estamos preocupados com a situação que estamos vivendo. Cada um tem que fazer sua parte. 3 - O que motivou a fazer essa restrição de horário?Estamos muito preocupados com as narrativas que temos visto: falta de leito, limite de oxigênio. Nunca imaginei que a nossa geração ia passar por isso. Por isso, estamos tentando de tudo para diminuir isso. 4 - A pessoa que precisa usar o transporte para usar um serviço essencial poderá usar o transporte no horário de pico? A princípio, 100% serão usuários cadastrados. Nesse horário (de pico) está limitado aos serviços essenciais. -Imagem (1.2216491)