Novos depoimentos foram colhidos nesta sexta-feira (1º) para apurar a veracidade dos fatos em relação a morte do motorista de aplicativo, Fábio Júnior Oliveira Santos, de 38 anos, ocorrida na última terça-feira (29), em Varjão, Região Sul de Goiás. As testemunhas relatam versões diferentes, segundo o delegado regional de Trindade - onde é feita a investigação, André Fernandes. “Apesar das contradições, a primeira coleta de provas demonstra que o motorista tinha ciência do que ele estava fazendo e (ele) teria envolvimento com os outros três homens no carro”, garante.Para apurar os fatos, também são procuradas gravações que mostrem se Fábio Santos e os outros três suspeitos no carro eram conhecidos e o que estariam fazendo terça-feira. “Chegou pra gente uma informação que há uma câmera de segurança em Guapó que teria flagrado o carro de Fábio com o grupo. Porém, estamos procurando essa filmagem para verificar a veracidade”, destaca o delegado.O próximo passo da Polícia Civil, segundo André Fernandes, é também a busca pela namorada de Matheus Araujo de Sousa, um dos suspeitos, mortos na ação. “Buscamos encontrá-la para entender melhor o que teria acontecido de fato no dia do possível confronto e verificar a relação deles (Fábio e Matheus) com os demais homens”, afirma o delgado.Conforme o Choque, batalhão especializado da Polícia Militar do Estado de Goiás (PM-GO), Fábio fazia parte do grupo e foi morto em um confronto, na zona rural de Varjão. A família de Fábio, entretanto, nega. Para a esposa do motorista de aplicativo, Mayzia Jacinto, o marido era refém.O advogado da família do motorista, Yuri Jackson, foi à delegacia de Trindade nesta sexta-feira. A esposa do motorista de aplicativo também estava prevista para ser ouvida no mesmo dia, porém ela não compareceu. Jackson alegou que Mayzia estava abalada e por isso marcaria uma nova data na próxima semana.“A família está bastante abalada com a tragédia, principalmente a esposa Mayzia. Era impossível que ela desse um depoimento neste estado”, afirma. Segundo ele, até o momento só existem especulações sobre Fábio conhecer uma das pessoas que estava no carro, mas nenhuma prova. “Os testemunhos ainda não foram anexados aos autos do inquérito, por isso não é possível afirmar sobre a veracidade das afirmações. No mais, estamos aguardando o desenrolar das investigações.”O advogado também questiona onde estaria o celular do motorista de aplicativo, que não foi entregue à Polícia. “Queremos encontrar o aparelho que será uma prova crucial para provar a inocência de Fábio”, diz.O delegado André Fernandes afirma que apenas um celular foi entregue pela PM, e não era o de Fábio. Já as quatro armas recolhidas foram levadas para a perícia em Aparecida de Goiânia, assim como o carro do motorista. A suspeita é que o grupo roubaria cabeças de gado.De acordo com o delegado, uma testemunha diz ter conversado com Fábio minutos antes de ele ser morto. Segundo esta testemunha, o motorista passou por ela e perguntou sobre o proprietário de uma fazenda e sobre a venda de cavalos. A testemunha, então, disse não conhecer a pessoa que ele procurava e que na região não há venda de cavalo. Conforme relatos, o motorista estaria calmo. O suposto confronto teria acontecido cerca de 20 minutos depois, próximo ao meio-dia.Frete“Queremos entender o motivo pelo qual ele estava ali. A testemunha relata que ele estava tranquilo, não apresentava nervosismo.”Questionado sobre como o grupo roubaria gado se estava no veículo de passeio de Fábio, um Corsa Classic branco, o delegado afirmou que a polícia abordou dois caminhoneiros no trevo de Varjão que disseram que haviam sido chamados por homens em um HB20 claro para fazer o transporte de gado. Eles iriam receber R$2,50 por quilômetro rodado. O que havia sido combinado era que esperassem por uma ligação no trevo.Os caminhoneiros foram ouvidos, um deles duas vezes, e ao verem as imagens dos quatro homens negaram que fossem eles. A polícia investiga os dois para ver se existe conexão entre eles e os homens mortos na ação. “Cabe à Polícia Civil provar se eles (os caminhoneiros) têm envolvimento ou não”, disse André Fernandes. Questionado se os caminhoneiros não tinham os números dos celulares dos homens que os contrataram, Fernandes disse que os aparelhos dos dois foram recolhidos para investigação.Um áudio de WhatsApp também será verificado pela Polícia Civil. Nele, Fábio teria a afirmado à mulher que ficariam ricos. No entanto, não há o contexto da conversa. Questionado, o advogado da família diz que desconhecem o conteúdo. Testemunha relata diálogoOutra testemunha do caso do motorista de aplicativo, Fábio Santos, que prestou depoimento á Policia Civil concedeu entrevista ao POPULAR para relatar o que viu no último dia 29. O homem, de 36 anos, que trabalha em uma fazenda próxima, a cerca de 150 metros do local onde a ação ocorreu, conta que era a segunda vez que via o mesmo carro rondando a região. “Não vi quantas pessoas tinham no carro, mas no sábado vi o carro branco passando por aqui e já achei estranho. Olha, seria muita coincidência se não fosse o mesmo carro de terça-feira, para mim era o mesmo”, relata. Isso porque, segundo ele, não é comum na localidade um grande movimento de veículos. “Aqui só passa leiteiro, o meu vizinho, pessoas que trabalham ou moram aqui, e raramente um ou outro passa, mas conhecemos todos”, afirma.“Daí na terça-feira, algo diferente aconteceu, vi esse carro branco passando, e depois ouvi disparos. Foram uns 30 tiros. Pedi então para minha mulher que estava apavorada fechar a porta e se proteger, porque não sabíamos o que estava acontecendo”, diz. “Foram disparos de diferentes alturas, não deu pra ver bem pela distância e porque tem uma mangueira na minha frente, mas depois que acabou o barulho fui ver do que se tratava”, acrescenta. Chegando ao local, o funcionário da fazenda conta que viu os quatro corpos ao chão e os oito policiais militares. “Eles me disseram que todos ali eram bandidos e que eu poderia ficar tranquilo e ir para casa porque eles já tinham resolvido tudo. Disse que se tratavam de ladrões de gado”. No chão, ele conta que avistou armas, dentre elas, uma espingarda. Segundo o homem, o vizinho também viu o mesmo carro e chegou até no dia do fato a conversar com Fábio, “ele fez várias perguntas e não parecia nada nervoso”, afirma. “Nunca tinha acontecido algo assim antes por aqui, apesar que estou há poucos meses. Todos ficaram muito assustados”, acrescenta. O advogado da família, Yuri Jackson, afirma no entanto que Fábio possui um álibi para o sábado. “Fábio estava com a mulher e os filhos em uma viagem, em outro local”, garante. O delgado responsável pelo caso, André Fernandes, disse que apesar da versão dada pelo advogado, nenhuma prova foi apresentada ainda e aguarda a esposa de Fábio, Mayzia Jacinto.-Imagem (Image_1.1923281)