-Imagem (1.1701823)As ativistas de Direitos Humanos Sabrina Bittencourt e Maria do Carmo prestaram depoimento no Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO), nesta terça-feira (8), a cerca de informações que elas teriam sobre possíveis crimes praticados por João Teixeira de Faria, o João de Deus. Em vídeo compartilhado nas redes sociais, elas relataram ter indícios de que o líder religioso praticava inclusive tráfico internacional de crianças.O depoimento das ativistas foi colhido pelas promotoras Patrícia Otoni e Gabriella de Queiroz, da força-tarefa do MP-GO, e pela delegada Karla Fernandes Guimarães, da força-tarefa da Polícia Civil. O depoimento de Sabrina Bittencourt teve início na tarde desta terça-feira e terá continuidade na quarta-feira (9/1).De acordo com o MP-GO, assim que concluídos, os depoimentos serão analisados e receberão os encaminhamentos cabíveis, inclusive com possível remessa ao Ministério Público Federal (MPF). “Os fatos narrados serão tratados com a mesma seriedade e celeridade dispensadas aos demais casos já denunciados e em apuração pelo Ministério Público”, afirmou a promotora Patrícia Otoni.Investigação em São PauloAs denúncias feitas em vídeo por Sabrina Bittencourt serviram de base inclusive para o Ministério Público do Estado de São Paulo (MP-SP) abrir uma investigação sobre o suposto tráfico de crianças. Conforme informações da promotora de Justiça Gabriela Manssur, do MP-SP, não foi colhido um depoimento formal da ativista, mas foi entregue um relatório a respeito do vídeo que Sabrina publicou, e este relatório foi encaminhado para investigação.Em um dos vídeos divulgados pela mulher, ela se intitula ativista pelos direitos humanos e empreendedora social, e diz que faz parte de uma força-tarefa chamada “Somos muitas”. No último vídeo divulgado pela ativista, gravado no dia 3 de janeiro, ela diz que o grupo já descobriu uma rede de tráfico de bebês e crianças que existe há mais de 20 anos, feita de forma organizada e com muitos cúmplices.Sabrina afirma que já recolheu relatos de mães adotivas dessas crianças, que foram vendidas nos Estados Unidos, na Europa e na Austrália por valores entre US$ 20 mil e US$ 50 mil. A venda, segundo ela, era intermediada por guias turísticas espirituais, funcionários da Casa Dom Inácio de Loyola, onde o médium realizava os atendimentos, e cidadãos de Abadiânia.No vídeo, Sabrina relata ainda que mulheres eram utilizadas como escravas sexuais, vivendo em cárcere privado em lugares remotos de Goiás e Norte de Minas Gerais.Advogado de defesa do médium, Alex Neder disse que não viu o vídeo, mas ouviu diversos relatos sobre o seu conteúdo. “É um absurdo, uma inverdade. Não tem o menor nexo. Tanto que de todas as investigações até o momento, isso nunca foi ventilado; nunca foi falado”, afirmou.