Goiás teve um salto no número de registro de internações por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) desde que o primeiro caso do novo coronavírus (Covid-19) foi confirmado no Estado, no dia 12 de março. Cerca de 70% das notificações em Goiás foram feitas a partir desta data. Nacionalmente, o aumento no número de pessoas hospitalizadas tem sido notado desde o final de fevereiro, quando o novo coronavírus foi oficialmente identificado no Brasil.Boletim divulgado semanalmente pelo sistema InfoGripe, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) mostra que na semana epidemiológica do dia 12 de março, quando foi divulgado o resultado de três testes dando positivo para Covid-19 em Goiânia, a estimativa de internações no Estado ficou em 68 casos - 172% a mais do que o registrado na mesma semana em 2019.Já na 13ª semana epidemiológica, entre 22 e 28 de março, a estimativa é de 102 casos registrados, um aumento de 175% em relação à mesma semana no ano passado. No acumulado até esta data, a Fiocruz calculava 393 internações no Estado – o número oficial de notificações até o dia 28 estava em 273, uma vez que existe uma demora até o dado ser incluído no sistema.Para a Fiocruz, o aumento brusco na curva de notificações a partir da 11ª semana aponta que “há algo distinto ocorrendo” e isso pode ser consequência dos casos de Covid-19, que podem se tornar um SRAG. “Há que esperar os resultados para poder afirmar com segurança. Mas chama atenção a mudança brusca no padrão de crescimento, principalmente para este período do ano”, afirmou a fundação por meio de nota.As SRAGs são síndromes consideradas graves, com sintomas como febre, tosse e dificuldade de respirar. O coronavírus entra nestes casos, assim como gripes provocadas pelo Influenza, adenovírus e outros agentes, como bactérias. Em 2018, Goiás também teve um pico de notificações de pessoas hospitalizadas por SRAG nesta mesma época do ano, no caso devido a um surto por Influenza (que inclui, entre outros o H1N1). Entretanto, especialistas ouvidos pelo POPULAR ressaltam que a diferença em 2020 está no fato de não se saber ainda muito sobre o comportamento do coronavírus, não haver uma vacina ou cura contra a infecção, e ser uma pandemia. Em 2018, o surto foi registrado principalmente em Goiás.Os casos de internações por SRAG são subnotificados não apenas em Goiás como no Brasil. As notificações são feitas geralmente por unidades da rede pública, apesar de obrigatórias para todos. Há duas semanas, O POPULAR pede à Secretaria de Estado de Saúde de Goiás (SES-GO) o número de pessoas que foram internadas no Estado por suspeita de coronavírus, e, desde a semana, por SRAGs em geral. A SES-GO não repassou estas informações. O mesmo pedido foi feito ao Ministério da Saúde, mas sem sucesso.Na nota enviada à reportagem, a Fiocruz reforça que as notificações de pessoas hospitalizadas por SRAG são obrigatórias, mas que nem todas as unidades as fazem. “As unidades de saúde que identificam caso que se enquadra nos critérios devem notificar. Em geral é predominantemente notificado pela rede pública, mas algumas unidades privadas também reportam. A subnotificação pode se dar por unidades que não reportam.”Na mesma resposta, a Fiocruz fala que a curva registrada a partir das semanas 11 e 12 representam um “aumento brusco no número de casos” e que isso é “significativamente fora do padrão, sugerindo que há algo distinto ocorrendo”. No boletim do Infogripe com os dados até o dia 28 de março, a estimativa era de 277 internações por SRAG a partir do registro do primeiro caso de coronavírus em Goiás. No mesmo dia 28, a SES-GO confirmava 56 casos por Covid-19, nem todos com internação. Atualmente são 119 casos comprovados.