Uma vítima de latrocínio em uma fazenda em Cocalzinho de Goiás no dia 27 de abril reconheceu, pouco antes de morrer, Lázaro Barbosa de Sousa, de 32 anos, como o autor do crime. Na ocasião, o criminoso entrou em uma propriedade rural na qual a mãe teria sido demitida para “se vingar” e roubar armas, atirou em dois funcionários do local, matando os dois e fugindo com uma espingarda.É o sétimo crime violento relacionado a Lázaro em um intervalo de menos de 3 meses até o dia da chacina de uma família em Ceilândia, em 9 de junho, que desencadeou a criação de uma força-tarefa envolvendo policiais de Goiás, do Distrito Federal e da esfera federal para tentar capturá-lo. As buscas já entram no 16º dia. Levantamento feito pelo POPULAR na terça-feira (22) havia identificado seis crimes violentos desde 22 de março deste ano.Lázaro entrou na chácara por volta de 20h30, seguindo o padrão pelo qual a polícia diz que ele comete os crimes: agindo à noite, entrando pelo matagal em chácaras de Cocalzinho, Águas Lindas e Ceilândia e sempre em busca de armas e dinheiro. Neste caso, ele também buscava, conforme a reportagem apurou, vingança. É que o dono da propriedade rural havia dispensado a mãe dele, que morava havia anos na região, sempre trabalhando em fazendas.Não é a primeira vez que Lázaro reage com violência contra o dono de uma fazenda onde a mãe tenha sido demitida. Em 10 de setembro de 2019, um fazendeiro de Águas Lindas procurou a polícia para denunciar que após demiti-la o suspeito o procurou mandou uma mensagem via WhatsApp dizendo “Ninguém é cachorro sem dono não viu”. Ele já sabia que o filho da ex-funcionária era foragido do presídio da cidade desde 2018 e suspeito de vários crimes e disse que temia pela vida.Desta vez, a invasão terminou em tragédia. Ao passar pela janela da casa, ele atirou duas vezes contra Valmir Ribeiro de Souza, de 36 anos, que estava sentado e foi atingido. Então, ele entrou e atirou mais uma vez, agora contra José Souza Schittine, também de 36. Uma testemunha disse, de acordo com o boletim de ocorrência ao qual O POPULAR teve acesso, que o criminoso chegou atirando contra Valmir, sem motivo aparente, o que levantou a hipótese de ser uma vingança. O suspeito conseguiu fugir levando uma espingarda e três celulares.As duas vítimas trabalhavam como caseiros e eram naturais da Bahia. Conforme a reportagem apurou, a polícia trabalha com a possibilidade de latrocínio porque Lázaro teria dado voz de assalto e atirado quando as vítimas gritaram. Mas a vingança não estaria descartada.Valmir – que faria aniversário no dia 28 - morreu no local antes da chegada de socorro. Já José foi levado com vida para o Hospital Municipal Bom Jesus, em Águas Lindas de Goiás, a cerca de 20 quilômetros dali, mas não resistiu aos ferimentos. Entretanto, antes de morrer, reconheceu para os policiais Lázaro como o autor do crime. Policiais ouvidos pela reportagem nos últimos dois dias dizem que apesar de ele ter familiares em Águas Lindas, Ceilândia e em Girassol, pelo menos até antes da chacina, já que muitos se mudaram temporariamente ou não após a repercussão das buscas, Lázaro era um “nômade”, que vivia escondido no mato ou fazendo bicos em fazendas que não pediam carteira de trabalho nem identificação. “Tem muito disso aqui na região, se recebe pelo dia que trabalha, então não levanta a ficha e a pessoa vai pulando de fazenda em fazenda, cada dia num lugar e se não tiver lugar vai pro mato”, comentou um policial. “Ele é procurado desde 2018, porque quando ele foge fica expedido o mandado de prisão, só que ele ficava sumido, ninguém via, ele chegava nos lugares e dava outro nome, trabalhava por diária e não tinha a ficha puxada”, acrescentou outro.Pelo menos dois policiais disseram ao POPULAR que mesmo antes das buscas iniciadas após a chacina, Lázaro já estava escondido no mato, cometendo seus crimes. Esta informação corrobora a fala do titular do 24º Distrito Policial de Ceilândia (DF), Raphael Seixas, para o jornal Correio Braziliense em uma entrevista transmitida no Facebook na sexta-feira (18). Seixas afirmou que por estar foragido desde 2018, Lázaro passava o dia no mato e à noite ia para a casa de um familiar, mas quando cometia um crime de maior repercussão, então passava 24 horas escondido.“O Lázaro nunca teve casa, muitos bandidos são assim, é nômade, só que só ele chamou essa atenção toda. Quem a gente procura aqui não tem endereço. Muito difícil pegar. Se tivesse uma casa, fazia uma campana e prendia. Ele sabia que era foragido”, disse um policial Policiais goianos acreditam que Lázaro possa estar vivendo no mato entre Ceilândia, Águas Lindas e Girassol desde pelo menos março, quando começaram os crimes mais violentos relacionados a ele. Em pelo menos cinco das sete ocorrências que O POPULAR conseguiu identificar, já teria provas do envolvimento dele.Nas últimas semanas, a polícia goiana havia tentado capturar Lázaro, inclusive com o uso de policiais disfarçados, mas sem sucesso. Policiais do Entorno do DF reclamam da falta de estrutura para localizar um criminoso em um espaço rural cheio de chácaras e de mata com difícil acesso. “Agora tem esse tanto de policial na cola dele, mas antes pergunta aí pro governo quantas viaturas tinha em Águas Lindas e Cocalzinho.”