Cerca de 11 mil anos atrás, grupos de coletores e caçadores perambulavam por onde um dia seria o território goiano, sobrevivendo aos perigos da natureza e, sem que soubessem, deixando para um futuro distante os primeiros registros pictóricos feitos por aqui. Hoje, esses traços pioneiros, com suas cores e formas trazendo figuras de animais e cenas de um cotidiano perdido podem ser vistos e estudados em paredões e grutas, sobretudo na região de Serranópolis, do sudoeste do Estado. O local é reconhecido como um dos principais sítios arqueológicos do País, com pesquisas que ajudam a contar a história da ocupação em toda a América do Sul. Mas também, por tabela, a história da arte. Em seu Dicionário das Artes Plásticas em Goiás: Da Caverna ao Museu, um dos nossos principais talentos, Amaury Menezes, refaz essa longa trajetória, usando de seu aguçado olhar acadêmico para revelar a riqueza da cena artística goiana. Um itinerário que, com exceção dos autores desconhecidos das cavernas da pré-história, começa no século 18, quando a região já fora ocupada pelos bandeirantes em busca de ouro e as primeiras cidades da Capitania de Goyaz já estavam de pé. Um início que coube a viajantes estrangeiros que passaram por aqui, como o genovês Francesco Tosi Colombina, que visitou a antiga Vila Boa em 1749 e fez alguns desenhos da cidade.