O governo pretende, com o Programa de Desmobilização e Gestão dos Ativos do Estado de Goiás (PDEG), reunir um saldo de R$ 2 bilhões para investimentos em obras e serviços que serão entregues à iniciativa privada em cinco anos. Para 2017, o orçamento estadual de R$ 23 bilhões prevê apenas R$ 200 milhões para investimentos. O recurso extra virá de cortes na despesa com a folha de pagamento e manutenção da máquina administrativa e de privatizações de escolas, unidades de saúde, estradas, estádios e aeroportos.Segundo a secretária da Fazenda, Ana Carla Abrão, não há nada no Estado que não possa ir parar na mão da iniciativa privada. “Tudo que puder ser privatizado será”, diz. E esse processo, que teve início com a terceirização dos hospitais estaduais para Organizações Sociais (OS) em 2012, está avançando agora para a Educação, onde 23 escolas de ensino fundamental e médio de Anápolis passarão a ser geridas por OSs no próximo ano e 15 Institutos tecnológicos (Itego) até 2018. “Um projeto piloto para saber se também a Educação, como a Saúde, pode ser gerida pela iniciativa privada”, diz .A Fundação Getúlio Vargas (FGV) foi contratada em outubro para fazer um inventário de todos os ativos do Estado, incluindo prédios e áreas públicas, empresas, rodovias, aeroportos, bens e serviços.ConsultoriaA consultoria irá indicar o que deve ser privatizado e a partir de qual modelagem: “alienação de bens móveis e imóveis, concessões de serviços e obras públicas, parcerias público-privadas, alienação de participações acionárias e alienação, extinção ou fusão de empresas estatais, bem como de outros modelos de emparceiramento”, lista o Decreto nº 8.610/2016, do governador Marconi Perillo, que dispõe sobre o PDEG.A FGV tem seis meses para concluir o trabalho. “E ainda não é possível adiantar quais empresas e órgãos farão parte do enxugamento do Estado”, afirma Ana Carla. Mas a secretária acredita que todas as empresas estatais serão privatizadas. “Todas são deficitárias”, ressalta.Algumas provavelmente nem terão interessados, como a Indústria Química do Estado de Goiás (Iquego), que não consegue concorrer no mercado farmacêutico. O mesmo se aplica à Metrobus e a algumas autarquias, como a Agência Brasil Central (ABC), que é uma das mais deficitárias do Estado e também deve ser privatizada.“Privatizáveis”Na lista dos “privatizáveis” estão também o Estádio Serra Dourada, o Estádio Olímpico do Centro de Excelência, o Autódromo de Goiânia e o Centro de Convenções de Anápolis, que nem foi concluído. “Não justifica o Estado administrar o Autódromo, não é função dele”, afirma a secretária. Mas até a prestação de serviço à população - que é o “negócio” do Estado, segundo Ana Carla - vai ser privatizada. OAinda não se sabe se serão vendidos ou terceirizados, mas a preferência é por vender. “A gente ganha duas vezes com a privatização. Recebe pelo bem e deixa de gastar com ele”, defende Ana Carla. O dinheiro arrecadado com as privatizações será aplicado na construção de presídios, estradas e centros de tratamentos para dependentes químicos que serão geridos por OSs, não pelo governo.Segundo Ana Carla, compartilhando a gestão, o governo evita o aumento na folha de pagamento, que hoje consome 75% do orçamento do Estado. “O grande problema que se tem ao ampliar os investimentos é a pressão sobre as despesas de custeio”, explica a secretária.