O Tribunal Supremo da Venezuela determinou a proibição da saída do país do líder oposicionista Juan Guaidó. Presidente da Assembleia Nacional, Guaidó se autonomeou neste mês presidente interino, em desafio ao governo do presidente Nicolás Maduro. A decisão judicial foi tomada horas após o procurador-geral do país, Tarek William Saab, pedir a ação do Tribunal Supremo para restringir os movimentos de Guaidó e congelar seus ativos.Saab disse que foi lançada uma investigação criminal sobre as atividades de Guaidó contra o governo, sem anunciar nenhuma acusação específica contra ele. Tanto Saab quanto o Tribunal Supremo são alinhados com Maduro. O cerco judicial chavista começou após a decisão da Casa Branca de permitir à oposição acessar ativos do Estado venezuelano nos EUA. Washington alertou que qualquer ato contra Guaidó, a quem reconhece como presidente interino, “terá consequências”.Antes da decisão do tribunal, Guaidó se disse tranquilo. “Não subestimo uma ameaça de ser preso, apenas acho que não é nenhuma novidade (o pedido do MP)”, disse ao chegar à sede da Assembleia Nacional, controlada pela oposição, mas sem poderes efetivos desde 2016. Ainda ontem, Guaidó anunciou o nome de embaixadores para alguns países que o reconheceram como presidente. Hoje, o embaixador nos EUA, Carlos Vecchio, deve ser recebido pelo vice Mike Pence.Guaidó disse que em breve a Assembleia Nacional deve assumir controle de contas nos EUA que pertencem ao Estado venezuelano. A maioria delas já tinha sido congelada por sanções impostas nos últimos anos. Segundo ele, esse dinheiro será usado para amenizar a falta de alimentos e remédios no país. Ele não explicou como isso seria feito.O diplomata e novo representante especial da Venezuela na Organização dos Estados Americanos (OEA), Gustavo Tarre disse ontem em Washington que Maduro não tem suporte no país capaz de mantê-lo no poder. “Não acho que há na Venezuela quem morra por Maduro. Há pessoas corruptas, com simpatia por Maduro, mas não pessoas que morreriam ou brigariam por Maduro?”, afirmou.RússiaAs sanções anunciadas segunda-feira (28) pelos EUA contra a Venezuela preocupam o governo russo, que tem a receber este ano US$ 3,15 bilhões em petróleo venezuelano, segundo o Ministério das Finanças. Representantes do Kremlin temem dificuldades no pagamento da dívida. “Tudo depende de como o Exército reagirá e se permanecerá leal ao governo”, avaliou o vice-ministro Serguei Storchak.