O reajuste nos preços dos combustíveis, que fez a gasolina chegar a R$ 4,49 e o etanol a R$ 3,29 em Goiânia, tem razões que vão desde reajustes nas refinarias, passando por aumentos de impostos, até um lucro maior no varejo. Entre os motivos, está o fato de a Petrobras ter aumentado o preço da gasolina em 7,7% no mês de outubro e mais 7,4% só em novembro. Outra razão é que os postos também estariam lucrando mais hoje para, segundo eles, “recuperarem perdas acumuladas”.Um levantamento de preços médios praticados nos últimos dois meses, feito pelo POPULAR junto à Agência Nacional de Petróleo (ANP), mostrou que, na semana passada, os revendedores lucraram, em média, R$ 0,57 por litro de gasolina vendida e R$ 0,53 por litro de etanol. Na semana de 27 de agosto a 2 de setembro, o lucro era de R$ 0,26 para cada litro tanto de gasolina quanto de etanol. No caso da gasolina, o lucro subiu de 7,5% para 15%. No etanol, passou de 12% para 22%.O preço médio da gasolina subiu 15% neste período, para uma inflação de apenas 0,36% em todo o ano. O próximo reajuste, de 1,9%, já está marcado para amanhã (8). Nos últimos dois dias, motoristas da capital fizeram protestos contra os aumentos, com buzinaço e o abastecimento de R$ 0,50 apenas. Na semana passada, o Procon Goiás instaurou processo administrativo para apurar as razões do aumento e os fiscais do órgão estão fazendo um levantamento da evolução dos preços e custos em toda cadeia, que será concluído até o fim desta semana. InquéritoNesta terça-feira (7), a superintendente do órgão, Darlene Araújo, se reuniu com o delegado titular da Delegacia do Consumidor, Webert Santos, para cobrar a instauração de inquérito policial para apurar crimes contra a relação de consumo, e com o procurador do Estado Leandro Eduardo da Silva, para solicitar uma análise sobre a possibilidade de uma medida judicial. A Secretaria da Fazenda também deve colaborar com o fornecimento de alguns documentos. Segundo ela, o objetivo é investigar a fundo uma suposta prática de abuso de preços.Hoje, as distribuidoras serão notificadas a apresentarem notas fiscais de compra e venda em alguns períodos. “É importante que o consumidor se manifeste e boicote os preços mais altos, pois o impacto no orçamento doméstico é grande”, alerta a superintendente. De acordo com ela, um dos focos é apurar se o grande aumento do lucro dos postos ocorreu sem justificativa no custo operacional.Mas o advogado do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo em Goiás (Sindiposto), Antônio Carlos de Lima, diz que os preços dos combustíveis também sofreram influência de altas em impostos como PIS/Cofins e ICMS. Para ele, a ação do Procon está apostando no alvo errado, pois o maior problema estaria no monopólio da Petrobras, que gerou tantos reajustes, incluindo o do gás de cozinha. “A revenda só repassa os custos”, garante.Antônio Carlos afirma que a diferença de preços entre os postos da região central de Goiânia e das saídas da cidade chega a R$ 0,40, indicando que não existe alinhamento. Em relação ao aumento de até 100% no lucro dos postos, ele justificou que há uma recomposição dos custos, depois de um longo período de promoções, quando os revendedores praticamente não tinham lucro com os preços muito baixos. “A margem ideal deve ser de 15% a 20%. Isso ficou represado por muito tempo com a guerra de preços”, destaca.-Imagem (1.1388251)