Em dia de visita no Centro de Internação Provisória (CIP) de menores, em Goiânia, o que fica evidente é o sofrimento dos pais ao saírem e deixarem os filhos apreendidos no local. Isso se repete toda quinta-feira, e ontem não foi diferente. A teleoperadora Fabiana de Souza, de 24 anos, vive essa realidade há um mês, por causa do filho de 16 anos. O que mais lhe dói é saber das condições em que o garoto está alojado. Portador de asma e bronquite, ele tem dormido em um colchão fino, no chão, por causa da superlotação da cela e dividido do jeito que pode o espaço apertado que lhe resta. O CIP é uma das três unidades de internação de menores da capital e uma das sete de Goiás que passaram pela avaliação do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP). A entidade divulgou, ontem, relatório sobre a situação geral no Brasil e o Estado aparece entre os piores no que se refere à salubridade das unidades socioeducativas. Todas as sete inspecionadas, entre março de 2012 e o mesmo mês deste ano, foram consideradas fora dos padrões adequados, sem a devida higiene, conservação, iluminação e ventilação. Isso rendeu para Goiás a inglória situação de estar entre os cinco piores Estados do País. Os relatos de pais e demais parentes que entram nas unidades em dias de visita, feita somente uma vez por semana, mostram um quadro semelhante ao de presídios normais. Fabiana conta ainda que o filho reclama da cela fechada, sem abertura suficiente para entrada da luz solar, além de tomar banho numa espécie de jato d’água, que é sempre fria, e fazer as necessidade num vaso sanitário embutido no chão e com a descarga do lado de fora da cela. Para acioná-la, é preciso pedir para que o agente o faça. Ela, assim como outras mães que falaram com o POPULAR ontem, reconhece a qualidade do trabalho feito pelos educadores, que se esforçam para driblar as limitações da estrutura, mas afirma que é triste ver o filho em tal situação. O CIP é a ilustração de como são as demais unidades em Goiás. Geralmente, são prédios antigos, que não recebem reforma há bastante tempo e que são improvisados para atender as necessidades dos trabalhos socioeducativos. O Ministério Público de Goiás (MP-GO) chegou a pedir pela demolição dele no ano passado, por considerá-lo totalmente inadequado. A Justiça concedeu liminar favorável, que posteriormente foi caçada. O fato rendeu a assinatura de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), em agosto de 2012, no qual o Estado se compromete a cumprir as exigências em até 15 meses. O prazo do TAC vence no final deste ano e, até então, o governo cumpriu apenas parte dele, que seria o aumento de viaturas, treinamento de servidores, adequação de lugares para servir de centros temporários e a indicação de terrenos para a construção e ampliação de unidades. Em Goiânia, o documento prevê a desativação do CIP, localizado nas dependências do 7º Batalhão da Polícia Militar, no Jardim Europa, e do Centro de Internação do Adolescente (CIA), que fica no 1º Batalhão da PM, no Setor Marista.-Imagem (1.374687)