A Corte Especial do Tribunal de Justiça de Goiás (TJ-GO) deve julgar hoje se recebe ou não denúncia criminal apresentada pelo Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO) contra o procurador de Justiça e ex-senador Demóstenes Torres, o empresário Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira, e o ex-representante da Delta Construções em Goiás, Cláudio Abreu. Será a terceira vez que a denúncia do MP-GO entrará na pauta da Corte Especial e, mesmo que começar hoje, o julgamento pode ficar para outras sessões, caso algum membro peça vista.Na primeira vez que foi à pauta, o relator, desembargador Leandro Crispim, estava com o voto pronto, mas pediu mais tempo diante da complexidade do tema e das sustentações orais feitas pelos defensores dos três acusados. Na sessão passada, a primeira depois do recesso da Justiça, Crispim explicou que esteve de férias e não teve tempo para avaliar a matéria e preparar seu voto. A tendência é de que o magistrado o apresente hoje. Se recebida a denúncia, será o primeiro processo criminal contra o ex-senador.Demóstenes foi acusado pela prática de oito crimes de corrupção passiva e exercício de advocacia administrativa, e os outros dois por corrupção ativa. Tudo foi reunido em uma só denúncia porque há conexão probatória entre as condutas apontadas. O procurador-geral havia pedido o afastamento cautelar de Demóstenes, mas ele não foi deferido pelo relator do processo, desembargador Leandro Crispim. Ele está afastado das funções, mas por medida administrativa, pelo Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), mas a manutenção do afastamento administrativo já esbarra em dificuldades, pois recebeu votos contrários de membros do conselho.Se a denúncia for recebida, Demóstenes, Cachoeira e Cláudio Abreu serão processados criminalmente. Se a Corte Especial deferir o pedido de afastamento até o fim do processo, o ex-procurador continuará recebendo os vencimentos, em torno de R$ 40 mil brutos, como já vem acontecendo. Ele só deixaria de receber salário na hipótese de perda da função pública.Demóstenes é acusado de ter recebido mais de R$ 5 milhões de Cláudio Abreu e Cachoeira para defender os interesses deles. Ambos foram condenados pela Justiça Federal por corrupção ativa, entre outros crimes. Do valor supostamente recebido, R$ 20 mil teriam sido entregues em espécie, conforme indicam as gravações telefônicas feitas durante a Operação Monte Carlo, pela Polícia Federal.Demóstenes também foi denunciado por advocacia administrativa. Conforme o MP-GO, ele intercedeu com o prefeito de Anápolis, Antônio Gomide, para que recebesse Cláudio Abreu e Cachoeira em 9 de julho de 2011. Os dois últimos são acusados de oferecer propina para que o prefeito liberasse crédito no valor de R$ 20 milhões à Construtora Queiroz Galvão S.A. O órgão não verificou indícios de pagamento nem de que o prefeito tenha aceitado a oferta. A defesa dos acusados foi unânime na tese de nulidade das provas. Cachoeira e Abreu foram denunciados pelo crime de corrupção ativa.-Imagem (Image_1.461660)