A Prefeitura de Goiânia começou a liberar as vias interditadas da obra do BRT Norte-Sul (corredor de trânsito rápido para o transporte coletivo) na manhã desta sexta-feira (22). Além de reposicionar e retirar parte dos blocos de concreto amarelo que serviam como impedimento à passagem, será feito o aumento do pavimento, reparos localizados no asfalto e a limpeza geral das vias. Apesar da medida indicar que o retorno das obras vai demorar ainda mais, a Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos (Seinfra) diz que há expectativa para o fim da interrupção, que já tem mais de três meses.O consórcio responsável pelo BRT paralisou as obras depois de ficar quatro meses sem receber os repasses da Caixa Econômica Federal (CEF). O banco, por sua vez, diz que só vai voltar a liberar o dinheiro após decisões favoráveis do Tribunal de Contas da União (TCU) ou da Controladoria Geral da União (CGU), órgãos controladores que apontaram irregularidades na licitação da obra. Não existe decisão judicial pela suspensão.O processo do TCU, que estava sem movimentação desde maio, voltou a andar no início deste mês e foi enviado para pronunciamento do ministro Augusto Nardes. Em reunião com o presidente da CEF, Gilberto Occhi, o prefeito Iris Rezende (PMDB) diz que já existe um parecer favorável do tribunal, mas que ainda seria homologado. Ele defende que isso já deveria ser o suficiente para que o banco voltasse a liberar a verba.A superintendente regional da Caixa, Marise Fernandes, afirma que o banco ainda aguarda uma decisão formal e que uma informação interna do TCU ainda não é suficiente para retomar com os repasses. Entretanto, ela é otimista com a celeridade do processo: “Pode ter uma surpresa aí”. Gilberto Occhi vai se reunir com o ministro do TCU Augusto Nardes na semana que vem para pedir celeridade no processo.A reportagem tentou contato por telefone e mensagens com a procuradora-geral do município, Ana Vitória Caiado e com o secretário de Infraestrutura e Serviços Públicos, Fernando Cozzetti, mas ambos não retornaram até o fechamento desta edição.TranstornoMoradores da Avenida Horácio Costa e Silva, no Setor Balneário Meia Ponte, estão satisfeitos com a liberação da via pela Prefeitura. Das obras paradas do BRT, esse é o trecho de maior transtorno, que foi bloqueado por conta da construção de uma galeria pluvial, segundo a Seinfra. Comerciantes reclamavam de queda brusca no movimento de clientes e moradores falavam do aumento de acidentes de trânsito.Em entrevista para o POPULAR no final do mês de julho, Cozzetti afirmou que a via seria liberado caso a obra atrasasse ainda mais.Na manhã de hoje, caminhões e patrolas da Prefeitura estiveram na Avenida Horácio cobrindo buracos no asfalto e recuperando as laterais da pista. A maioria dos blocos amarelos de concreto que impediam a passagem foram removidos, restando apenas os que rodeavam áreas mais precárias do canteiro de obras.Segundo a gerente de um supermercado da região, Silvia Raquel, a notícia da reabertura da avenida fez com que seus patrões reavaliassem uma demissão. “A gente espera que o movimento volte. Se melhorar não vai ter mais que dispensar.”RetornoAssim que houver uma determinação favorável do TCU, a tramitação para o retorno dos repasses começará imediatamente, afirma a superintendente da Caixa, Marise, que também diz não ser possível precisar um tempo para o retorno das obras a partir daí. A Seinfra confirma que esse tempo vai depender da orientação do tribunal.Membro de comissão fala em 220 demitidos e acordo trabalhistaTrabalhadores que estavam sem receber do consórcio responsável pelas obras do BRT Norte-Sul foram demitidos e fizeram um acordo. Eles chegaram a realizar uma série de protestos no mês de agosto com a interrupção da circulação do trânsito em avenidas com barricadas feitas de pneus em chamas. Segundo o operador de caminhão, Enivon Pereira Macedo, de 37 anos, cerca de 220 funcionários foram demitidos, entre pedreiros, motoristas, engenheiros, operador de máquinas e carpinteiros. O salário e o acerto dos trabalhadores serão pagos em dez parcelas a partir de novembro. Enivon fazia parte da comissão de negociação dos funcionários. Eles pressionavam a Prefeitura a pagar R$ 3 milhões de sua contrapartida para o consórcio quitar a dívida trabalhista. Por sua vez, o município dizia que não poderia liberar esse valor sem ter certeza que a Caixa Econômica Federal voltaria com os repasses. A Prefeitura confirmou que houve um acordo trabalhista, mas disse que não participou dele. A comissão de trabalhadores do consórcio responsabiliza o município pela paralisação das obras. Enivon conta que muitos funcionários, incluindo ele, estão endividados por estarem sem receber. -Imagem (1.1353896)