A Polícia Federal prendeu nesta quinta-feira (6) três suspeitos de enviar quase 500 brasileiros de forma ilegal para os Estados Unidos (EUA). Além disso, nove mandados de busca e apreensão são cumpridos em Goiânia e Anápolis, a 55 km da capital, em endereços que estariam ligados aos suspeitos, conhecidos popularmente como coiotes.&nbsp;

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Como os nomes dos suspeitos não foram revelados, a reportagem não conseguiu localizar a defesa deles até a última atualização deste texto.

Segundo a investigação da Polícia Federal, o grupo coordenou a entrada ilegal de centenas de brasileiros em território norte-americano, através da fronteira com o México, entre 2018 e 2023. Neste período, os suspeitos movimentaram aproximadamente R$ 60 milhões, que seriam de pagamentos para levar os migrantes até os Estados Unidos.

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Entretanto, apesar do pagamento feito para os coiotes para entrar no país estrangeiro 448 brasileiros foram detidos por autoridades migratórias norte-americanas e deportados ao Brasil. A polícia não informou qual seria o valor cobrado individualmente pela organização criminosa e como esses coiotes chegaram até essas pessoas interessadas em ir para os EUA de forma ilegal.

Segundo investigação da Polícia Federal, além de membros em Goiás, a organização criminosa contava com membros em outros Estados, inclusive, em território americano, responsáveis por receber aqueles que conseguiam cruzar as fronteiras de forma ilegal.

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Mandados de busca e apreensão são cumpridos em endereços ligados aos suspeitos (Divulgação / Polícia Federal )

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Operação prende suspeitos de enviar ilegalmente quase 500 brasileiros aos EUA e movimentar cerca de R$ 60 milhões

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MIGRAÇÃO ILEGAL 

<img attr-cid="policy:1.3221404" attr-version="policy:1.3221404:1737213433" class="p-smartimage" src="/image/policy:1.3221404/WhatsApp Image 2025-01-18 at 11.01.02.jpeg?f=default&amp;w=400&amp;q=1" /> 
Jean Pereira dos Santos foi aprovado em universidade dos Estados Unidos (Arquivo Pessoal/Jean Pereira)

O jovem Jean Pereira dos Santos, de 19 anos, que mora na comunidade quilombola Kalunga Engenho 2, em Cavalcante, no Entorno do DF, foi aprovado em uma seleção e conseguiu uma bolsa de mais de R$ 2 milhões para estudar Política Social e Educação em uma universidade dos Estados Unidos (EUA). Jean estudará na Northwestern University, sexta melhor instituição dos EUA e viajará para o país americano em agosto.&nbsp;

“Quando eu abri o resultado, eu só conseguia dizer ‘mentira’, porque já estava lá o pessoal me parabenizando, e aí eu comemorei, fui abraçar minha mãe, minha irmã e comemorar com elas e ligar para os meus mentores e professores para dizer que eu tinha passado.&nbsp;

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No primeiro momento eu não consegui acreditar, porque historicamente não era para ser meu, porque não tem muita referência lá fora de jovens quilombolas”, contou Jean.

O jovem detalhou que passou em uma mentoria para jovens da América Latina para jovens engajados em iniciativas sociais e teve todo o processo, que é feito pelo envio de currículos extracurriculares, nota de proficiência de língua inglesa, sua história de vida e realização de entrevistas, custeado pela mentoria.

<div class="p-readmore-box"><a href="https://opopular.com.br/cidades/bailarina-goiana-ganha-premio-internacional-de-danca-na-suica-1.2609113" target="_blank">Bailarina goiana ganha prêmio internacional de dança, na Suíça</a> 
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Jean contou que já havia realizado um intercâmbio para os Estados Unidos em 2023, fato que lhe deu ainda mais vontade de realizar outros sonhos e prosseguir com os estudos.

“Fiz o intercâmbio que se chama Jovens Embaixadores, do governo americano, que seleciona anualmente 50 jovens do Brasil e de escola pública que tem algum impacto em sua comunidade. Eu fui em janeiro de 2023 e já voltei com aquela ansiedade de querer voltar, de participar de novo, de fazer uma faculdade lá fora, pois eu tive acesso a muitas oportunidades”, ressaltou.

Mesmo viajando só em agosto, Jean destacou ainda que está ansioso para o curso. “Estou ansioso pois lá é possível fazer muitas aulas fora do seu curso. É possível pegar por exemplo dança, e tem um clube do Brasil onde tem capoeira, tem várias coisas legais que eu quero muito participar. A expectativa está lá em cima”, completou.&nbsp;

<img attr-cid="policy:1.3221405" attr-version="policy:1.3221405:1737213494" class="p-smartimage" src="/image/policy:1.3221405/WhatsApp Image 2025-01-18 at 12.13.18.jpeg?f=default&amp;w=400&amp;q=1" /> 
Jean Pereira mostra carta de aprovação em universidade (Arquivo Pessoal/Jean Pereira)

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Jovem de comunidade quilombola de Goiás consegue bolsa de mais de R$ 2 milhões em universidade dos EUA

Conquista

Os incêndios que devastaram Los Angeles, na Califórnia, chegam ao terceiro dia nesta sexta-feira (10), com focos persistentes e condições climáticas favoráveis à continuidade.&nbsp;O número de mortos subiu para 10, segundo atualização desta sexta.&nbsp;

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Conforme a última atualização das autoridades locais, nesta madrugada, o número de residentes que evacuaram suas casas chegou a 180 mil, segundo a agência de notícias Reuters. Outros 200 mil moradores estão sob alerta de evacuação.&nbsp;

O conjunto de incêndios, registrados desde a última terça-feira (7), já é considerado o maior da história de Los Angeles, onde os focos são comuns nesta época do ano. A área devastada corresponde a 13,7 mil hectares, mais que 9 mil campos de futebol.

Registros feitos na cidade desde terça revelam um cenário apocalíptico, composto por uma manta de fumaça, o céu tingido pelas labaredas e centenas de imóveis destruídos --além de feridos e desabrigados.

<div class="p-readmore-box"><a href="https://opopular.com.br/mundo/novos-incendios-em-hollywood-hills-mantem-panico-entre-moradores-e-turistas-1.3218111">Novos incêndios em Hollywood Hills mantêm pânico entre moradores e turistas</a> 
<a href="https://opopular.com.br/mundo/mega-incendio-atinge-los-angeles-inflama-caos-e-deixa-30-mil-fora-de-casa-1.3217720">Mega incêndio atinge Los Angeles, inflama caos e deixa 30 mil fora de casa</a></div>

Nesta quinta (9), dois grandes incêndios florestais devoraram quase 10 mil casas e outras estruturas. Bairros inteiros se transformaram em cinzas.

Somente o Eaton foi responsável por algo entre 4.000 a 5.000 estruturas, enquanto o Palisades destruiu ou danificou outras 5.300 estruturas.

Os danos econômicos superam US$ 135 bilhões, segundo projeção da AccuWeather, que atua no ramo de prevenção a desastres. Estima-se que a tragédia incorrerá em um custos crescentes com seguros residenciais nos próximos meses.

<h2>RECONSTRUÇÃO</h2>

 
Já na noite de quinta, a prefeita de Los Angeles, a democrata Karen Bass, declarou que "Já estamos planejando reconstruir agressivamente a cidade de Los Angeles".

Bass é alvo de críticas do presidente eleito Donald Trump e de outros republicanos, por, segundo dizem, sua forma de lidar com o desastre –sem pontuar quais seriam os infortúnios na condução da crise. 
 
Nos últimos dias de mandato, Joe Biden - que passará o bastão para Trump no próximo dia 20– prometeu que seu governo reembolsará 100% da recuperação pelos próximos 180 dias, contemplando custos para remoção de entulhos e materiais perigosos, construção de abrigos temporários e salários dos socorristas. 
 
"Eu disse ao governador e às autoridades locais para não pouparem despesas, para fazer o que for preciso e conter esses incêndios", disse Biden após se reunir com conselheiros na Casa Branca.

No total, cinco incêndios florestais ocorreram em Los Angeles. Há uma tendência à diminuição, uma vez que os ventos, agora, sopram menos intensos que nos dois primeiros dias. 
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<h2>'ESTAMOS VIVOS'</h2>

Alguns moradores de Pacific Palisades se aventuraram e retornaram para áreas já devastadas pelo fogo, onde restam apenas tijolos carbonizados e veículos queimados.

"Estamos vivos. É isso que importa", disse o segurança Bilal Tukhi, destacando que a cena o lembrava de seu país natal, o Afeganistão, devastado pela guerra.

Aulas em escolas da cidade estão suspensas pelo segundo dia nesta sexta devido à fumaça, cinzas e partículas que contaminam o ar.

<h2>INCÊNDIO EM HOLLYWOOD CONTIDO</h2>

Equipes de combate a incêndio conseguiram controlar completamente o incêndio Sunset, em Hollywood Hills, depois que as chamas atingiram o topo do morro com vista para a Calçada da Fama da popular Hollywood Boulevard, na noite de quarta-feira.

Os dois maiores incêndios - Palisades e Eaton — formaram uma pinça ao redor da cidade tão enorme que era visível do espaço.

Um morador de Palisades, John Carr, 65, disse que desafiou as ordens de evacuação e ficou para proteger sua casa. A empreitada de risco foi de sucesso,

"A casa foi construída por minha mãe e meu pai em 1960 e eu vivi aqui minha vida inteira, então há muitas memórias dela. E acho que eu devia isso a eles também, tentar o meu melhor para salvá-la." 
Carr disse que não havia equipes de bombeiros para ajudá-lo a tentar salvar as casas de seus vizinhos.

Incêndios em Los Angeles chegam ao terceiro dia; número de mortes sobe para 10

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Califórnia

Três regiões de Los Angeles anoiteceram em chamas nesta terça-feira (7), em incêndios que se alastravam com velocidade devido aos ventos fortes, deixando um rastro de destruição de milhares de casas e estruturas.

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Às 2h locais da quarta-feira (7h em Brasília), os bombeiros não tinham nenhuma previsão de contenção. Não há registro de mortes até o momento.

Mais de 30 mil pessoas receberam avisos para deixarem suas casas no bairro de Pacific Palisades, uma comunidade aos pés das montanhas de Santa Monica, perto do litoral. Um incêndio florestal havia começado na manhã e, às 18h30, já queimava uma área de quase 12 km2.

<div class="p-readmore-box"><a href="https://opopular.com.br/mundo/carro-da-tesla-explode-em-frente-a-hotel-de-trump-e-mata-1-pessoa-em-las-vegas-video-1.3215818" target="_blank">Carro da Tesla explode em frente a hotel de Trump e mata 1 pessoa em Las Vegas; vídeo</a> 
<a href="https://opopular.com.br/cidades/mulher-e-encontrada-morta-em-cama-apos-casa-pegar-fogo-em-anapolis-1.3215833" target="_blank">Mulher é encontrada morta em cama após casa pegar fogo, em Anápolis</a> 
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Todos os principais eventos na cidade, que vive o início da temporada de prêmios do cinema, foram adiados na noite de terça, como uma sessão de cinema do filme "Ainda Estou Aqui" que teria ao final uma conversa entre a atriz Fernanda Torres, o diretor Walter Salles e o diretor mexicano Guillermo del Toro.

O presidente Joe Biden, que está em Los Angeles desde segunda-feira (6), foi forçado a cancelar uma viagem ao condado vizinho de Riverside, quando iria formalizar a criação de dois monumentos nacionais da Califórnia.

O Serviço Nacional de Meteorologia previa que a tempestade de vento em andamento, com rajadas de até 160 km/h, será a mais destrutiva a atingir o condado de Los Angeles desde 2011.

A causa inicial do incêndio era ainda desconhecida, mas os ventos fortes, secos e quentes do inverno, conhecidos como Santa Ana, ajudaram a espalhá-lo com facilidade. O fogo ameaçava as regiões vizinhas de Santa Monica e Malibu.

A chefe do Corpo de Bombeiros de Los Angeles, Kristin Crowley, disse a jornalistas que o incêndio de Pacific Palisades colocava em risco mais de 13 mil estruturas, incluindo 10 mil casas.

À tarde (noite de terça no Brasil), os moradores começaram a fugir em massa de suas casas, causando um congestionamento que fez com que muitos deixassem seus veículos abandonados no meio da rua. Uma escavadeira teve que ser usada pelas autoridades para empurrar alguns dos cerca de 30 carros para desbloquear a via.

No bairro fica a famosa casa modernista Eames House, construída em 1949 pelos designers Charles e Ray Eames, um marco da arquitetura da época. Também na região está o museu Getty Villa, conhecido por peças de antiguidades gregas e romanas. O museu afirmou que a coleção de arte "estava segura", embora algumas árvores e vegetação no local tenham queimado.

O restaurante de frutos do mar Reel Inn, uma instituição local há mais de três décadas, foi destruído, assim como outros estabelecimentos da área.

"É o fogo mais sinistro que eu já vi em Los Angeles, o mais intenso", disse o fotógrafo brasileiro Apu Gomes, que cobre incêndios desde 2018 para a agência Getty Images. "Vi muita gente passando mal com fumaça, saindo correndo de suas casas. Vi um teatro inteiro de uma escola destruído, consumido em chamas."

Do outro lado do condado de Los Angeles, em Altadena, subúrbio a 60 km de distância de Pacific Palisades, a comunidade aos pés das Montanhas San Gabriel vivia cenas parecidas. Em imagens da TV, uma sinagoga era totalmente consumida pelo fogo, cercada de palmeiras em brasa.

O Centro de Convenções de Pasadena, cidade ao lado, virou um refúgio para quem precisava deixar suas casas.

"Nunca vi nada parecido. Todo ano a gente tem essas ventanias, mas nunca nesse nível", disse o administrador de empresas brasileiro Marcelo Eid, que teve que deixar sua casa em Pasadena. "O fogo perto de casa começou por volta das 18h30. Às 20h, a gente já estava sendo evacuado."

Um terceiro incêndio ganhava grandes proporções em Sylmar, norte de Los Angeles, com cerca de 2 km2 em chamas.

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Mega incêndio atinge Los Angeles, inflama caos e deixa 30 mil fora de casa

ESTADOS UNIDOS

Investigação após os ataques de 8 de janeiro

Há dois anos, no dia 8 de janeiro, uma multidão vestida com as cores da bandeira nacional ocupou a Praça dos Três Poderes, em Brasília, invadiu e depredou a sede do STF (Supremo Tribunal Federal), o Congresso Nacional e o Palácio do Planalto. Um atentado contra as instituições, que não só resistiram aos atos golpistas como vêm fazendo valer a lei ao investigar e julgar os responsáveis.

<a href="http://opopular.com.br/canal" style="color: rgb(0, 85, 128); text-decoration-line: none; outline: 0px; outline-offset: -2px; font-family: &quot;Lucida Grande&quot;, &quot;Lucida Sans&quot;, geneva, arial, sans-serif; font-size: 12px; background-color: rgb(238, 238, 238);">🔔 Siga o canal de O POPULAR no WhatsApp</a>

As investigações e condenações já realizadas apontam para participação expressiva de goianos nos atentados de 8 de janeiro de 2023, que <a href="https://opopular.com.br/politica/stf-julga-pedido-de-bolsonaro-para-tirar-caso-de-golpe-de-moraes-que-tem-apoio-de-colegas-1.3207301" target="_blank">mobilizaram seguidores</a> do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), derrotado na busca de reeleição por Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

O STF informa não dispor de recorte por estado dos denunciados e condenados. Na Polícia Federal (PF), a informação é de que será divulgado um balanço com “números globais” nesta quarta-feira (8), ou seja, também sem um mapeamento por unidade federativa.

<div class="p-readmore-box"><a href="https://opopular.com.br/politica/obras-destruidas-em-ataques-chegam-ao-planalto-apos-restauro-1.3217451" target="_blank">Obras destruídas em ataques chegam ao Planalto após restauro</a> 
<a href="https://opopular.com.br/politica/stf-julga-pedido-de-bolsonaro-para-tirar-caso-de-golpe-de-moraes-que-tem-apoio-de-colegas-1.3207301" target="_blank">STF julga pedido de Bolsonaro para tirar caso de golpe de Moraes, que tem apoio de colegas</a> 
<a href="https://opopular.com.br/politica/moraes-tem-apoio-no-stf-para-barrar-suspeic-o-e-julgar-trama-golpista-na-1-turma-1.3204959" target="_blank">Moraes tem apoio no STF para barrar suspeição e julgar trama golpista na 1ª turma</a></div>

Levantamento feito pelo POPULAR mostra que moradores de Goiás foram alvos de 14 das 29 fases da Operação Lesa Pátria da PF, com 3 goianos condenados pelo STF e outros 3 com indicação de indiciamento pela CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) do Senado, cujo relatório final foi aprovado em outubro de 2023.

O POPULAR também noticiou que representação da PF com pedido de medidas da Operação Contragolpe, deflagrada em 19 de novembro do ano passado contra militares do Exército investigados por tentativa de golpe e por planejar a execução de autoridades, entre elas o presidente Lula, o vice Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro Alexandre de Moraes, do STF, contém 39 menções a Goiânia, em documento de 221 páginas. Militares foram presos na capital goiana durante essa operação.

As investigações envolvendo ações em Goiás são mais um indício, portanto, de conexão entre as pessoas comuns que participaram dos atos do 8 de janeiro e os planos <a href="https://opopular.com.br/politica/moraes-tem-apoio-no-stf-para-barrar-suspeic-o-e-julgar-trama-golpista-na-1-turma-1.3204959" target="_blank">golpistas tramados</a> por alas nos quartéis, o que se contrapõe à tese recorrente das defesas de que no 8 de janeiro houve um ato de vandalismo que não representou tentativa de golpe.

“A relação entre o 8 de janeiro e a tentativa de golpe foi estabelecida pela polícia, pelo Ministério Público e reconhecida pelo Judiciário. Com o desenrolar das investigações, essa relação ficou ainda mais evidente. O 8 de janeiro foi um episódio da tentativa de golpe que estava sendo planejada há anos”, afirma Eloísa Machado, professora da FGV Direito SP, doutora em Direitos Humanos pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP) e mestre em Política Constitucional pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP).

Ela aplaude decisão da Justiça Militar da União (JMU), nesta segunda-feira (6), de que a investigação sobre a participação de coronéis do Exército na tentativa de golpe que culminou nos atos do 8 de janeiro de 2023 ficará a cargo do Supremo. “Não há que se falar em crime de competência da Justiça Militar da União”, justificou o tribunal militar, ao remeter o inquérito ao STF, pelo seu caráter civil.

“Não faz nenhum sentido a Justiça Militar julgar esses crimes. Estamos falando de crimes graves, sujeitos à jurisdição civil. Seria um absurdo considerar esses crimes como militares”, argumenta.

Para Itami Campos, doutor em Ciência Política, professor do Programa em Ciências Ambientais da UniEvangélica, fatos revelados nas investigações posteriores deixam clara a ligação entre o 8 de janeiro e os planos golpistas. “O esquema foi preparado e não deu certo por percalços, mas era tentativa de envolver militares, como alguns se envolveram. Essa relação se manteve, claro que tentam negar, como Bolsonaro tem negado, até por estratégia de defesa”, diz ele.

“As relações são muito estreitas, o golpismo foi estruturado por um grupo alimentado por Bolsonaro e que levou apoiadores a Brasília no 8 de janeiro, quando ocorreu a radicalização, os ataques na Praça dos Três Poderes”, enfatiza o cientista político.

Sobre a grande presença de goianos na data que ficou marcada com um dos maiores ataques à democracia no país, o professor também considera ter sido favorecida pela proximidade de Goiânia e Brasília, bem como por intensa mobilização na capital goiana.

“Isso de certa forma é produto de um conservadorismo muito presente na política goiana, seja por uma questão rural, seja por outros dados”, analisa. “Não há uma esquerda qualificada em Goiás, raramente têm eleitos do PT e de outros partidos mais de esquerda. A presença de petistas no Congresso por Goiás existe, mas é pequena”, completa ele.

“O conservadorismo em Goiás foi alimentado por um trabalho feito por Bolsonaro e alguns políticos do PL, que tem no estado uma expressão razoável, elegeu senador e tem uma presença também de religiosos e de militares. Terminou acontecendo essa forte participação de goianos, inclusive de empresários financiando aluguel de ônibus para a ida das pessoas a Brasília e comida para os acampamentos diante dos quartéis”, discorre o cientista político.

<div attr-cid="policy:1.3201356" attr-version="policy:1.3201356:1732056864" class="p-smartmidiabox">-<a class="p-smartembed" data-onecms-id="policy:1.3201356" data-onecms-type="article" href="javascript:window.parent.actionEventData({$contentId:'1.3201356', $action:'view', $target:'work'})" polopoly:contentid="policy:1.3201356">PF (1.3201356)</a></div>

<h2>“PL da Anistia”</h2>

O “PL da Anistia”, projeto de lei que tramita na Câmara dos Deputados com a finalidade de perdoar pessoas que participaram dos ataques em 8 de janeiro de 2023, é considerado “um equívoco” por Itami. Para o professor, até mesmo para dar exemplo, fazer com que as pessoas percebam as circunstâncias e as questões políticas que envolvem atitudes que culminaram nos atentados, esse PL não deve avançar e muito menos ser aprovado.

“Faz parte de um esquema de defesa, segundo o qual o 8 de janeiro não significou tentativa de golpe, foi uma manifestação. Muita gente, de fato, participou ingenuamente, houve isso, mas era um esquema bem montado. Essa anistia quer supor que não havia esse esquema, que se tratou de um ato mais espontâneo, e não foi assim”, adverte ele.

Na mesma direção, e ainda mais contundente, se posiciona Eloísa. “O PL da anistia foi proposto por Mourão, que era vice-presidente de Bolsonaro e que inclusive pode vir a ser implicado nas investigações, já que há indícios de que a cúpula do governo Bolsonaro estava envolvida numa tentativa de golpe. É uma afronta, um projeto que mostra descompromisso do Congresso Nacional com a democracia”, critica, citando o general e senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS).

<h3>Acordo e condenação</h3>

Eloísa fez levantamento, junto com a também pesquisadora da FGV-SP, Luiza Pavan Ferraro, segundo o qual 22% das ações penais sobre 8 de janeiro terminaram em acordo com réus no STF. “Os acordos identificados na pesquisa foram feitos para réus acusados de crimes mais leves, como aqueles que estavam acampados nos quartéis e não participaram da invasão dos prédios. Os acordos dependem da posição da PGR (Procuradoria Geral da República) e dos réus e, depois, de homologação pelo Judiciário”, explica ela.

O STF já condenou 375 réus pelos ataques de 8 de janeiro, que resultaram na denúncia de 1682 envolvidos, e 527 réus optaram por assinar acordos de não persecução penal. Por meio desse instrumento, quem responde por crimes menos graves pode ter a ação penal encerrada sem condenação, desde que cumpra medidas alternativas.

Entre essas medidas, estão prestar 150 horas em serviços comunitários e participar de curso sobre a democracia. Nesse período, os réus ficam com passaportes e porte de arma suspensos e também não podem usar redes sociais. Após o cumprimento total, mantêm a condição de réus primários.

<h3>Relógio</h3>

Em outro extremo, Antônio Cláudio Alves Ferreira, natural de Catalão, no sudeste goiano, foi condenado pelo STF a 17 anos de prisão por destruir relógio doado por D. João 6º. O relógio foi restaurado na Suíça e devolvido ao Palácio do Planalto nesta terça-feira (7).

“Na verdade, ele não foi condenado por destruir o relógio, que seria mero dano ao patrimônio, mas por fazer isso ao cometer os crimes de tentativa de golpe e de abolição violenta do estado democrático de direito. São crimes graves, para os quais o legislador previu penas altas. O tribunal variou na dosimetria da pena, a partir das condutas identificadas de cada réu”, observa Eloísa Machado.

A dosimetria das penas aos réus do 8 de janeiro, conforme levantamento das pesquisadoras da FGV-SP, variaram entre 11 anos e 6 meses (2,3%), 11 anos e 11 meses (1,4%), 13 anos e 6 meses (14,5%) 14 anos (36,4%), 14 anos e 2 meses (0,5%), 16 anos e 6 meses (26,4%), 17 anos (16,4%) e 17 anos e 6 meses (0,5%).

A maior parte dos invasores foi condenada por cinco crimes: associação criminosa armada, abolição violenta do Estado democrático de Direito, tentativa de golpe de Estado, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado.

Ao todo, 155 réus estão presos. De acordo com informações do STF, 78, provisoriamente, 70 definitivamente, e 7 estão em prisão em domiciliar. Até o momento, apenas quatro foram absolvidos.

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