Há exatos 50 anos a população goiana via a ditadura militar ampliar seus poderes no Estado: o então governador Mauro Borges (PSD) foi deposto pelo regime que havia sido instaurado sete meses antes. Apesar de não ter apoio político, já que foram poucos os líderes que ficaram ao lado de Mauro durante o golpe, ele recebeu auxílio da população, que lotou a Praça Cívica para acompanhar a saída do governador do Palácio das Esmeraldas, em 26 de novembro de 1964.Os dias anteriores ao golpe foram de tensão na Capital: as estradas eram guardadas pelos militares, aviões do governo federal sobrevoavam de modo ameaçador vários pontos da cidade e a vinda de comandantes para Goiânia eram constantes. Apesar disso, Mauro Borges conseguiu habeas corpus no Supremo Tribunal Federal (STF) para resguardá-lo de uma possível intervenção militar, que viria a acontecer mais tarde.Em seus discursos, os comandantes militares afirmavam que Goiás “era foco subversivo” e seria Mauro Borges um dos incentivadores contra o novo governo que havia se instaurado. Apesar da pressão ao governo, o então governador resistiu até o fim de novembro quando o coronel Meira Matos, escolhido para comandar o Estado na fase de transição, entregou a Mauro Borges a carta determinando sua retirada.Havia receio por parte do governo de uma possível resistência popular contra a destituição do governador de Goiás. Um ato nesse modelo já havia sido realizado pelos goianos enquanto Mauro fazia parte da resistência legalista, que lutava pela posse do presidente João Goulart antes do golpe.De fato, Mauro pensava que poderia resistir um pouco mais com a luta armada da população. Em entrevista ao jornalista Hélio Rocha, publicada no livro Os Inquilinos da Casa Verde, o ex-governador afirmou que tentou comprar munição para armar a população e realizar uma possível guerra civil, mas que ao final resolveu acatar o decreto federal.Antes de sua saída, o ex-governador ainda pediu ajuda na Assembleia Legislativa para reverter a situação e também que o ajudasse na retirada de acusações contra o seu governo, mas não havia muito a ser feito.O PSD, partido de Mauro, divulgou nota se solidarizando com o governador. Algumas semanas depois os apoiadores negociaram a retirada das acusações criminais contra Mauro na própria Assembleia em troca do então presidente da Casa, Iris Rezende, não se tornar o governador nos anos restantes.A chamada fase de transição durou cerca de 60 dias até o presidente da República na época, coronel Castelo Branco, nomear o marechal Ribas Júnior para ocupar o cargo de governador e o então deputado estadual Almir Turísco (PSD) como vice-governador.Em 1965 o ex- governador e aliados, entre eles o seu pai e também ex-governador Pedro Ludovico Teixeira, foram indiciados por espionagem, crimes militares e contra a segurança nacional.-Imagem (1.299977)