-Imagem (1.318724) Começam a esquentar em Goiás as discussões sobre 2014. Por que quer ser candidato? Por vários motivos que convergem com um momento em que me preparei. Primeiro, eu já sou um parlamentar de cinco mandatos. Segundo, já ganhei e já perdi eleições. E quando se perde eleição, você amadurece muito, reflete muito, analisa muito. Terceiro, eu mantive coerência durante toda a minha trajetória de vida. Da mesma maneira como faço a medicina, eu faço a política. Sempre com objetivo único: defender o meu Estado, lutar pelas causas em que acredito, da livre iniciativa, do apoio às pessoas que são vinculadas à área de saúde, de educação, de segurança pública também. Tenho uma vivência de 18 anos e meio no Parlamento que me dá credencial para saber como deve ser implantada uma gestão pública. Sou cada vez mais consciente de que ninguém governa o Estado tendo a estrutura do Estado dividida em grupos ou o funcionalismo público desmotivado. A imagem do governador tem de ser sempre de um líder, que dá bons exemplos, que tem uma vida pregressa que o credencia a pedir a todos que arregacem as mangas e tratem bem o cidadão, que recuperem a capacidade do Estado de ser competitivo, que tenham orgulho de ser funcionários públicos, de morar em Goiás, de ver o Estado em total sintonia com a sociedade. Quando você pensa no governo do Estado, você tem de ver qual é sua capacidade de aglutinar em torno de um nome essas situações todas que mostram independência, uma prioridade ao público e à população. Isso acho que são características básicas e fundamentais neste momento. Digo neste momento porque em cada eleição o astral da população é um, a autoestima, o sentimento na classe política. É preciso analisar todas essas variantes. Pesa a questão do momento. Vejo a eleição de 2014 com esse viés: em que a sociedade quer saber não dos desentendimentos de grupos políticos, mas o que realmente a pessoa pode apresentar, o que é capaz de realmente entregar pela credibilidade que tem. Como ele terá independência intelectual e moral para resgatar o sentimento do funcionalismo e da sociedade. Não adianta apresentar programa de governo com varinha de condão. Agora, o sr. já vem defendendo há muito tempo esse caminho de independência, de buscar uma terceira via, e nas últimas eleições a maioria do partido optou pela aliança com o governo. O sr. diz que respeita as decisões partidárias. O que o leva a crer que desta vez o partido vai querer uma candidatura própria? Por vários motivos. Primeiro porque o nome foi lançado foi o meu em reunião do diretório. Segundo, não existe nada que desabone a minha pessoa para ser candidato. Eu me sinto qualificado e todos os membros do diretório também veem na minha pessoa condições para disputar. Eu nunca desonrei um voto goiano. Nunca desviei da minha função como deputado, como político. Então, todos eles analisam friamente que, num processo comparativo, eu tenho todas as condições de disputar. Mas entre todas as condições para disputar pesam também as alianças. O DEM vai conseguir fechar um grupo forte para 2014? Estamos trabalhando para isso. E é um trabalho que vem sendo feito desde 2012. Não é um trabalho que vai acontecer em junho de 2014. Já vem sendo construído, nas conversas com Vanderlan (Cardoso), com (Jorcelino) Braga. Não vou sinalizar outros até por questão de estratégia. Eu garanto que as conversas têm sido extremamente produtivas no sentido de buscarmos uma aliança mais ampla. Pode haver fortes surpresas. O sr. falou da questão do momento político. Como avalia esse momento? O que acha que o eleitor espera? Eu tenho andado o Estado. Tenho ido a reuniões regionais. O que se sente é isso. Nas ruas, no aeroporto, no banco, no restaurante, no supermercado, e as pessoas espontaneamente falam. É impressionante. Pedem alternativa, incentivam candidatura. É uma coisa tão espontânea, que nunca ocorreu antes. Mas o que criou esse cenário? O que levou a tudo isso é um desencanto. O povo de Goiás a cada dia que passa é surpreendido com situações que não são agradáveis. A sociedade goiana não merece ser pautada como ultimamente vem sendo e tenta buscar exatamente um viés político que esteja fora desse debate colocado nos últimos anos na política de Goiás. O sr. se refere a esses últimos escândalos? Eu diria que não são só recentes, não. Se você buscar há mais tempo, ultimamente Goiás tem sido extremamente penalizado com o que ocorre na política. No aspecto administrativo, qual a sua avaliação do Estado? Às vezes as pessoas me têm como muito crítico, mas eu nunca pautei a minha vida pública por esse caminho. Sempre me pautei pela coerência. Mas sempre tive coerência para criticar governos, como critico o governo federal, que agora está tentando com medida provisória destruir o pacto federativo. Mas aí não é uma posição de Ronaldo Caiado, mas até uma interpretação de economistas. Dizem que o governo de Goiás é um governo jet ski. Corre para todo lado e não chega a ponto algum. Não tem um eixo. Por quê? Porque existem várias tendências dentro do governo. E quando uma gestão passa a ser governada por grupos, passa-se a ter dificuldades no comando do processo. O Estado não pode ser feito para viabilizar candidaturas. E nem para alavancar nomes. Isso, por exemplo, é algo do meu estilo. Na minha vida política, eu nunca precisei de barra de saia de governo e nem de ser nomeado em cargo algum para galgar o processo político-eleitoral. Então quando uma pessoa assume um cargo de secretário de Estado, ele tem de cumprir uma tarefa, respondendo pelos compromissos na gestão da sua pasta e fazer a tarefa de casa. Do contrário, com todo respeito, sinto muito, mas, se não atingir a meta, solicito que se faça a substituição. Tem de haver meta de produção. Não se pode cobrar a meritocracia apenas numa parte que está atendendo a população. Tem de cobrar meritocracia também daqueles cargos que são de confiança do governo. Eu tenho debruçado muito, estudado muito o que apresentar para Goiás. Esse é um lado. Qual é a estabilidade do secretariado do nosso governo se viermos a chegar lá? É exatamente isso. Se metas não forem atingidas, há motivo para explicar? Não tendo, sinto muito. Não tem esse vínculo obrigatório, essa coisa de ter resguardado a pessoa porque é aliada a grupo A ou B, porque está fazendo a base de campanha. Quero saber quem é aliado àquilo que me motiva, que é trazer o sentimento da população junto com o funcionalismo. Se não recuperarmos essa autoestima do funcionalismo, não governa Goiás. Não governa Goiás. E como é possível recuperar? Ele tem de sentir que o governador do Estado tem compromissos reais com o que está falando. Isso tem muito a ver com a medicina. Um grande cirurgião e médico Miguel Couto dizia que mais vale a mão que dá o remédio do que o próprio remédio. O funcionalismo quer ter o exemplo de que o governante está cumprindo, se esforçando, trabalhando, que não está priorizando ninguém, não está dando guarida a A ou B de ter benefício daquilo que é público. Que está havendo justiça com quem responde melhor às demandas da sociedade. Um fato simples, por exemplo. Um choffer de caminhão teve diagnosticado um processo pulmonar e precisava tomar cinco injeções. Chegou numa cidade, foi receitado, sentou no posto, a atendente estava mal humorada, mandou tirar a camisa, deu a injeção, virou as costas e foi embora. O cara com o braço doendo, estressado, e não tinha nada a ver com o problema da atendente. No outro dia, em outra cidade, a atendente pediu para ele se sentar, tirou a pressão, viu a temperatura, pediu que, por favor, descontraísse a musculatura, falou que aplicaria a injeção, que o resultado seria tranquilo, que podia ter alguns minutos de tontura, mas logo depois estaria melhor, e ele saiu dali quase curado. Então, se não resgatarmos isso junto ao funcionalismo, se o servidor não sentir que aquilo que é possível dar está sendo dado a ele, e em contrapartida isso significar o bom atendimento ao cidadão. Não é simplesmente lavar as mãos e dizer que não pode resolver. Então é preciso ser conversado isso com cada setor. Explicar que haverá plano de resultados. Eu saindo da eleição, se eleito, qual o primeiro ponto que priorizaria? O primeiro? O funcionalismo. Nem que gastasse uma semana, cedo e à noite, com eles. É o primeiro ponto. Segundo ponto: a total transparência dos gastos. E mecanismos que garantem condições de fiscalizar. Projeto meu, já está lá, para que tudo que seja gasto com publicidade seja identificado com o valor. Então as pessoas vão saber quanto custou cada inserção, cada notícia. Se eu fosse do governo hoje, colocaria uma rede de rádio e televisão para dizer claramente ao Estado o que estão fazendo por medida provisória e com essa resolução, é uma discriminação completa com Goiás e poderá levar o Estado a uma situação crítica do ponto de vista de atrairmos empresas e até de estarmos inviabilizando... O sr. fala da questão do ICMS? Do ICMS e também da medida provisória que propõe os fundos de compensação de investimentos. Estão longe daquilo de que Goiás precisa. Eu convocaria toda a sociedade para que reagíssemos a isso. Tinha de haver mobilização em todas as cidades de Goiás para denunciarmos o fato de que o governo federal não pode continuar com a política como implantou no BNDES, em que escolhe os campeões e sobreviventes. Repassa o dinheiro a fundo perdido a quem gosta. Se não gosta, não há acesso ao dinheiro do BNDES. Você escolhe quem vai viver e quem vai morrer no processo competitivo. O que o governo federal está fazendo? Devia se fazer o pacto federativo primeiro distribuindo quem tem. O governo federal hoje arrecada 69%. Restam 31% para Estados e municípios. O pacto federativo lógico viria da redistribuição da União com os Estados para depois se propor essa equalização de tarifas. Aí sim seria um verdadeiro pacto federativo. Estão concentrando o poder na mão da União e repassando a quem é simpático ao governo federal. Aquele governante por mais competente que seja que é adversário político é levado a um processo de asfixia administrativa. Isso acontece com Goiás? Está acontecendo com os Estados que são oposição. As notícias estão mostrando a retaliação de última hora em Pernambuco. Agem como se a máquina pública fosse propriedade partidária. Agora, cabe ao governante insurgir contra isso. Mas o sr. falou dessa questão de priorizar o funcionalismo, mas o próximo governador de Goiás vai enfrentar dificuldades financeiras, por conta dessa concentração de recursos na União, por conta dessas medidas do governo federal, por conta do maior endividamento do Estado, em cerca de R$ 7 bilhões, e ainda o governo ainda tem dito que o gasto com a folha está no limite prudencial. Como estabelecer esse diálogo com o servidor se não há o que oferecer? Qual seria a solução? Muito fácil. O funcionalismo público de Goiás acredita nisso? Não acredita. Se quem está dizendo não goza de credibilidade nem de liderança... Sabe por quê? Hoje o grau de informação é total. Então não existe esperteza. Esperteza quando é demais vira bicho e envolve o dono. Não adianta. Você tem de ser transparente e dizer que não tem varinha de condão, é essa a realidade, e temos de saber até onde podemos chegar. Pronto. Agora, não vale egoísmo para ninguém. O que vale é todas as pessoas terem condições de ganho e de qualidade de vida. É outro projeto meu: criar carreira de Estado para médico. A saúde não está em primeiro lugar, em qualquer pesquisa, como o ponto em que há mais reprovação da gestão? O que acontece hoje é que o Estado não cumpre sua obrigação, que é criar hospitais regionais e viabilizá-los. A figura é a seguinte: eu tenho uma única tomada. Nela, eu vou ligar ferro, enceradeira, chuveiro, ar refrigerado, carregador de telefone, televisão. Eu vou queimar a tomada, não tem jeito. É o que ocorre hoje. Você tem Goiânia e ponto final. Quais são as estruturas que estão realmente sendo construídas com aporte e condições de arcar com a demanda. Fala-se vou construir o prédio. Isso é engodo. É engodo. É tergiversar. Construir prédio é o menor gasto. Eu vou fazer concurso para médico com carreira de Estado. Cidadão não pode ter clínica privada e terá de ser deslocado para as áreas carentes, como é o promotor e o juiz de direito. Ele tem a garantia da aposentadoria e de não ficar dependendo do humor do prefeito da cidade. Por que ele vai sair de Goiânia hoje? Não tem garantia de que vai sobreviver. Olha um dado. Goiás gastou R$ 170 milhões na área de mídia. Pernambuco gastou R$ 70 milhões. Esse dinheiro realmente foi todo para a mídia? Então, o servidor precisa entender que aquilo que você está falando, você não está escondendo nada na manga. É realmente o que ocorre. Enquanto um governo servir para ser trampolim do processo eleitoral, aí cada um vai ter de ter mais base eleitoral, agradar mais prefeitos. Aí fica complicado. A função do Estado é alavancar candidaturas ou alavancar a condição do cidadão ou melhorar a economia do Estado? Esse enfrentamento com o governo federal é inadmissível Goiás deixar passar. E dizer: sinto muito, nós entregamos para a divina providência e não deu certo. Falta mobilização do governo estadual? Lógico. E por que as entidades de classe também não reagem? Por que não existe um dia de paralisação no Estado todo? Por que se pode achar exceções para a Zona Franca de Manaus, que mantém os mesmos 12% e só de renúncia fiscal tem R$ 22,6 bilhões? Por que para atender o Jucá, o Delcídio, acharam áreas de livre comércio e também de 12%? Por que só Goiás está ficando fora desse entendimento? Por que não a reação de Goiás e outros Estados penalizados? Mas e as bancadas têm conseguido se mobilizar no Congresso? Lógico que estão. Há articulação. Mas aí há o jogo que venho denunciando. A presidente está escolhendo os que sobreviverão. É como numa arena. O gladiador entrava e ave César. Se César dizia sim estava vivo. Se dissesse não estava morto. Hoje a Dilma define assim - esse Estado vive, esse não. Ela hoje é a grande patrona desse processo de definir quem sobrevive no Brasil empresarialmente e do ponto de vista federativo. A criação de Estado único é muito perigosa. A destruição do entes federados é muito grave. E eu vejo uma total omissão dos governadores. Um verdadeiro acovardamento dos governadores. Isso era motivo de insurgir contra. O mesmo jogo que estão fazendo, como fizeram com os royalties, jogando um ente federado contra o outro, e eles arrecadando a maior parte, estão fazendo agora exatamente no pacto federativo, que é essa equalização do ICMS. Mas esse comportamento dos Estados não ocorre exatamente por conta da dependência, como o caso de Goiás, que está buscando empréstimos constantemente? Tudo bem, há dependência, agora você vai morrer calado sem defender o seu povo? Você vai aceitar jeitinhos para ter de se submeter a vaidade de A ou B? Não é esse o processo democrático? Independentemente da minha posição, não cabe a mim retaliar quem quer que seja. Se eu ganhei ou perdi num município, você nunca me viu retirar emenda. Nunca deixei de atender uma pessoa porque votou em mim ou não. Não deve haver escolha pessoal do presidente sobre quem pode viver ou não. O sr. tem falado de propostas de mudanças em licitações. O que propõe? A transparência nas licitações de Goiás é outro fato que tem de ser atacado diretamente. Vou entrar com um projeto em no máximo dez dias mostrando isso. Temos de buscar para os órgãos fiscalizadores pessoas de alto reconhecimento e respeitadas as suas áreas, que acompanharão a fiscalização das obras para saber se o padrão é o correto, não esse padrão Copa do Mundo, com obras de papelão. E no final esse cidadão poderá receber o valor da obra e da sua medição pelos Correios, sem ter de pagar pedágio a políticos, a secretários, a todos os pedágios que são instalados aí até ele cumprir a obra. É um projeto que vou colocar na Câmara e se chegar ao governo vou implantá-lo. Na área da educação, por exemplo, por que não temos o inglês obrigatório? Por que temos de admitir uma criança ser alfabetizada no terceiro ano na rede pública se na rede privada isso ocorre no primeiro ano? É inaceitável? Qual é o medo de se expor o Ideb? O projeto é meu. Eu sendo governador vou mandar para a Assembleia projeto que estabelece um placar enorme com a nota daquela escola no Ideb. Para os pais tomarem conhecimento de onde seus filhos estão. Então, para provocar toda essa alteração de gestão, para implantar essas mudanças que são vontade da sociedade, você tem de ter um grau de independência. Chegar para ser governador cheio de amarras, para ser como uma rainha da Inglaterra, nunca foi o meu estilo. Mas a avaliação que se faz é que, como as eleições de 2010 foram muito disputadas, com a oposição com um grupo forte, com apoio do governo federal, o governador foi obrigado a fechar muitos compromissos, até de forma excessiva, para conseguir vencer. Não foi uma eleição fácil, como também não será a de 2014. Como separar essa necessidade de compromissos, de amarras para fechar um grupo forte, de fechar alianças, dessa questão de governo depois? As alianças não podem comprometer a sua história, nem aquilo que você prioriza e defende. Não pode. Se não for aliança republicana, por que eu vou fazer? De que adianta chegar ao governo do Estado e viver o que se está vivendo? Para quê? Se você tem o objetivo de governar, de brigar pelo seu Estado e não consegue, de que adianta. As pessoas falam que Caiado é brigão. Eu brigo com quem? Eu brigo para cima. Você nunca me viu brigar para baixo. Como é isso? Brigar para cima é brigar com ministro, banqueiro, presidente da República, multinacional, com cartel. Você não me vê atropelando funcionário, pressionando cidadão que depende de governo, que não tem como sobreviver ou que pode ser ameaçado por máquinas. Não é meu estilo. Nunca foi. A diferença é essa. Por que uma pessoa quer ser governador se lá na frente ele vai ser simplesmente marionete de um processo costurado anteriormente e que ele não terá como desmontar? Qual é o valor disso? Você negar sua história, negar sua trajetória, causar um sentimento de decepção em toda a sociedade goiana. Para quê isso? Não precisa mais disso. A quantidade de decepção já é suficiente. Você não precisa cometer mais... Tantos erros já foram cometidos e repetidos aí tantas vezes. Pra quê? Ah, mas isso é condição de governabilidade. Me desculpe, mas eu não acredito nisso. Como não acredito no processo de reeleição. Acho que foi um grande erro. Temos de reconhecer os momentos em que nós também erramos. Reeleição foi um grande erro. O cidadão passa a governar visando à sua reeleição. Sobre essa saída do vice-governador José Eliton do DEM, ele e várias outras lideranças também saíram e se afastaram do sr., alegando falta de espaço ou divergências. O sr. acha que tem alguma culpa nisso? Se considera desagregador ou não consegue estabelecer um diálogo no partido? Os que saíram, eu lamento. Agora, o partido continua forte. O partido está extremamente estruturado no Estado e também no cenário nacional. Tanto é que, com o projeto de lei que apresentei da recuperação do tempo de televisão, nós estamos no tabuleiro político, tanto nacional como do Estado de Goiás. Mas por que ocorre esse rompimento de lideranças do partido com o sr.? No caso de José Eliton, ele começou a carreira política indicado pelo sr. como candidato a vice-governador. A gente indica muita gente que depois não dá certo. Por que não deu certo? Você tem de perguntar a ele, não a mim. A pessoa que tem o segundo maior cargo do Estado... Mas li um artigo que diz que os candidatos em Goiás não podem se perder nas picuinhas e devem apresentar o que podem realmente mudar na política do Estado de Goiás. Temos de discutir coisas grandes, principalmente numa entrevista para o POPULAR, que sempre traz matérias relevantes, não é verdade? (risos) Mesmo assim, eu queria que o sr. avaliasse uma cena que marcou o período pré-eleitoral de 2010, que foi a convenção do DEM, quando o sr. discursou, afirmando aceitar a decisão do partido, e se retirou do local, para que o então senador Marconi Perillo, candidato ao governo, entrasse junto com o candidato a vice que foi justamente indicado pelo sr. Como o sr. enxerga essa cena hoje, depois do que aconteceu? Olha, eu sou um homem calejado, sou um homem vivido, sou um homem que não guarda ressentimentos. Continuo com minhas convicções e com a consciência tranquila de que sempre presidi o partido para alavancar lideranças no Estado de Goiás. Nunca usei o partido em benefício próprio. Pelo contrário, o DEM é o único partido no Estado que abre espaço para as novas lideranças. Único. Agora, situações como essa ocorrem. Isso não tira em nada o brilho do Democratas, não tira em nada a importância do partido, não tira em nada a meta que o partido quer cumprir em 2014. Essa análise tem de ser feita pela população. O povo vai julgar isso. Essas coisas você tem de deixar para que o povo analise. Eu não me sinto capaz de fazer juízo de valor de quem quer que seja, mesmo em situações como essa. Você pode achar que eu não estou querendo falar, mas não é. Novamente, eu li um artigo, que dizia que a política de Goiás está se perdendo tanto em picuinhas e problemas entre A, B e C, e ninguém está discutindo conteúdo, ninguém está trazendo as formas de apresentar à sociedade algo mais palatável para que ele sinta uma ligação com aquele candidato. Eu sempre gostei de estudar e na medicina eu sempre ousei em coisas que eram verdadeiros tabus antigamente. Quando eu fiz cirurgia da coluna vertebral, era um tabu. Quando se falava em operar a coluna, a resposta era de que o paciente iria para a cadeira de rodas. Hoje em dia, não, as operações têm resultados maravilhosos. Porque nós evoluímos. Então eu vejo no processo político o espaço exatamente para quem tem credibilidade, propostas, conteúdo e liderança. Liderar no bom sentido. Não é liderar para enganar. É liderar para melhorar as condições das pessoas. Então, sobre o que o A pensou, o cidadão B que traiu, o outro C que teve desvio de conduta, não me importa. Eu quero passar uma régua. Dali para frente, poder dizer "olha, meu tempo é curto, são quatro anos, e neles eu preciso trabalhar muito e fazer muito". Os projetos são esses. Eu não sou o dono da verdade. Vou buscar as melhores cabeças independentemente de partidos. Vou buscar os melhores. Converso muito bem com o PSOL, Ivan Valente, Chico Alencar. Converso muito bem com o PCdoB, com a Manuela d’Ávila, com o ministro. Converso maravilhosamente bem com Eduardo Campos. Deve ser nossa opção aqui em Goiás para presidente. Então eu não tenho essa dificuldade. Não tenho preconceito. Desde que as pessoas tenham uma conversa republicana, não tenho a menor dificuldade de sentar à mesa. Dentro dessa questão de estudar projetos e propostas para a campanha, o sr. acha que essa questão da ética, correção na gestão e transparência vão pesar como uma das principais bandeiras nas eleições de 2014, considerando inclusive que o eleitorado está decepcionado por conta dos últimos escândalos políticos em Goiás? Veja bem, não acho que será bandeira. Até porque essa bandeira é intrínseca. Para quem tem história e vida pregressa para carregá-la, ela é muito leve. E é extremamente difícil para pessoas que não podem se explicar tentar levantar essa bandeira. Então, isso não é mote de campanha. Acho que as pessoas analisarão isso, os eleitores. Agora, como candidato, eu não tenho de enaltecer aquilo que é obrigação. Cabe ao eleitor identificar quem realmente poderá cumprir as propostas colocadas. Agora, a transparência vai ser meta. Isso eu acho fundamental. Fiscalização em processo de licitação e controle de obras são fundamentais. Isso está ficando um absurdo. Você vê o Niemeyer aí, iniciado e nunca terminado. Você vê o aeroporto, que é obra federal, mas que o Estado também tem de assumir uma certa hora. Você vê a Avenida Araguaia, aquilo passou a ser um piscinão da dengue. Há três anos uma das principais artérias de Goiânia está totalmente tomada, bloqueada, por incompetência administrativa e gerencial. Você vê essa situação do Plano Diretor, que está impactando a cidade, mudando a cada momento dependendo da vontade e do humor das incorporadoras de Goiânia. Onde é que está a sustentabilidade desse governo, que focou a sua campanha eleitoral toda nisso? Fui a um restaurante anteontem no Jardim Goiás. Não tinha como estacionar. As ruas são milimétricas, estacionamento dos dois lados. Não há como transitar. Não tem como andar. E espigões de 35, 40 andares, um colado no outro. Uma verdadeira parede de prédios. Veja bem, como a base de uma campanha é sustentabilidade? Como se explica uma coisa dessa? Sustentabilidade cada hora fazendo o que as incorporadoras querem em Goiânia. Não está nem aí. Um apartamento por andar, 40 andares, não tem estacionamento, não tem garagem, não tem fluxo. Ah, mas as grandes metrópoles do mundo têm prédios assim. Tudo bem, mas têm metrô, têm transporte público, têm toda uma estrutura que não te exige carro para se deslocar. Então, o que eu vejo é que entre o discurso e a prática a distância está ficando grande demais. É preciso dar mais satisfação à população. Eu aprendi muito cedo e tinha um professor muito importante na minha vida que dizia o seguinte: toda pessoa infelizmente pode ter insucesso na prática de uma cirurgia. Pode haver acidentes ou cirúrgico no pós-operatório. Mas jamais deixe a cabeceira do paciente. Seja honesto com seu paciente. Diga o que ocorreu, quais as complicações, onde teve falha. Não há por que ter medo disso. Você não pode é simplesmente fugir do doente, virar as costas. Operar e ir embora. Assuma. Ninguém é dono da verdade, mas se você diz eu reconheço que errei, tudo bem. Não foi intencional, houve uma situação infelizmente incontrolável, estou aqui, vamos tentar recuperar, dar assistência. Não pode haver a covardia de não assumir. Na vida pública, é preciso fazer a mesma coisa. Não dá para você sempre tentar responsabilizar terceiros por um problema que é seu. Então eu vejo que esse debate será muito importante. Por exemplo, a saúde e a segurança serão temas importantíssimos. Sobre a ética, isso não é bandeira, é compromisso que eu tenho com toda a minha trajetória de vida. Eu não preciso enaltecer algo que eu tenho credibilidade e história para mostrar. O que tenho de buscar é transparência. O Estado não pode ser protetor de grupos. Da mesma maneira que o governo federal, essa gestão não pode escolher campeões. A máquina do Estado não tem de trabalhar para campanha eleitoral de A ou B. Cada um que vá para a chuva e o sol, para dureza da campanha, e veja o prestígio, o tamanho que tem. Não é usar máquina para alavancar seus nomes. Máquina de governo é para governar. Eu vou governar com a transparência e com o funcionalismo público. Sou repetitivo. Eu sou líder do Democratas. Na liderança hoje, eu tenho os melhores. A minha é a melhor equipe. Eu tenho 28 deputados em plenário e derrubo sessão no Congresso sem ter direito a verificação de quórum. Porque eu tenho a melhor assessoria de comissões de plenário. E nós estudamos todo dia. Desde que você empenhe para que toda essa assessoria lhe forneça dados, e você possa reproduzir aquilo, tirando excessos. Se você tem uma Polícia Militar que será seu braço direito na área de segurança e informação, se você tem essas outras áreas, de tributo, arrecadação, saúde, educação, também trazendo projetos que podem ser muito bem discutidos, debatidos e implantados. Nisso é que eu acredito. Com isso eu tenho trabalhado. Governador de Goiás sem liderança, sem recuperar autoestima do funcionalismo, sem transmitir ao povo garra, Goiás vai continuar na crise.-Imagem (Image_1.318878)