Não tem volta. É assim que o empresário José Batista Júnior, o Júnior do Friboi, enxerga sua pré-candidatura ao governo do Estado pelo PMDB. E ele não esconde que está disposto a pagar do próprio bolso sua campanha e as dos aliados. Em entrevista concedida no último dia 23, Júnior abre a série do POPULAR com os principais pré-candidatos ao governo em 2014. Convidados, o governador Marconi Perillo (PSDB) e o prefeito de Goiânia, Paulo Garcia (PT), preferiram não participar. Há algumas semanas, o sr. foi oficializado como pré-candidato a governador pelo PMDB. A partir deste fato, o que mudou para o sr. e qual estratégia para se viabilizar até as convenções? Em primeiro lugar, nunca escondi que colocaria meu nome como pré-candidato ao governo do Estado. Segundo, que o PMDB está inovando, saindo na frente de todos os partidos e se preparando para realmente fazer uma campanha de mudança. Tenho sugerido dentro do PMDB que a sigla precisava dar continuidade nas suas inovações se colocando desde já como líder da oposição e para isto precisaria definir um nome que liderasse a aliança de oposição. E o PMDB saiu na frente referendando meu nome como pré-candidato. A partir disto, começamos a formular um discurso mais contundente e ganhamos mais liberdade para assumir compromissos. Também atendemos um pedido do PT, que pediu que o PMDB antecipasse seu nome. E estamos esperando agora a decisão do PT para março, para consolidarmos esta aliança e buscarmos outros partidos. A colocação do seu nome também abre brechas para ataques. Já tem sentido esta reação? Se tem ataque, dá tempo da gente arrumar contra-ataques. Colocar a pré-candidatura é muito positivo, pois dá tempo de se preparar para as eleições, ouvir as pessoas sobre as mudanças que querem para Goiás. Acho que este período de dezembro a junho é suficiente para apresentarmos o novo modelo de Estado que defendemos. E como nunca fui gestor público, nunca disputei uma eleição, não tenho desgastes. Sou empresário e tenho uma biografia muito bonita, de vencedor, de uma pessoa visionária e posso defender esta biografia mostrando o que fiz. O sr. se coloca sempre como empresário, mas há algum tempo transita na política. Tentou em 2010 ser vice do governador Marconi Perillo e o grupo que o sr. ajudou a fundar (o JBS) é o maior doador de campanhas do País, além de receber financiamento com recursos públicos do BNDES. Esta questão não vai entrar no debate político? Não vejo isto porque é algo vazio. Minha empresa está doando dentro da lei, não estamos fazendo absolutamente nada errado. Por que antes eu podia (doar para campanhas) e agora que sou candidato, não posso? A JBS vai continuar doando do mesmo jeito. Até porque não faço parte da JBS mais como acionista controlador, sou hoje um acionista investidor. Qualquer um pode comprar e vender ações dela sem problemas. E sobre a questão do BNDES, hoje a maior parte dos investimentos deles, em torno de 70%, foi em compras de ações da empresa, não foi somente empréstimos. O sr. sendo candidato, seria um problema a JBS doar então para candidaturas adversárias? Nenhum, nenhum. Não podemos misturar empresa com projeto pessoal. Comenta-se no meio político que o sr. tem prometido financiar campanhas de aliados em troca de apoio, além da própria campanha. Até que ponto está disposto a gastar do próprio bolso? Não é assim. A primeira coisa que tenho dito é que hoje posso fazer uma campanha com uma boa qualidade, com baixo custo, e temos condição de fazer aportes sem precisar somente de ficar pedindo ou negociando com empresas privadas que possam nos comprometer dentro do governo. A segunda é que todos os partidos que venham a nos apoiar, com certeza terão suas chapas proporcionais. E digo que o PMDB vai ter condição de fazer as doações para ajudar nas chapas dos outros partidos, para que eles elejam seus deputados estaduais e federais. Mas campanha não se faz sem doação. Estaria aqui mentindo se falasse que faria sem doação, não é isto. Vou aceitar doação de todos, desde que não seja de caixa 2 ou que comprometa a governabilidade. Vou fazer a melhor campanha com o menor custo possível, mas vou, sim, doar aos partidos aliados, através do PMDB. Vou fazer investimentos, colaborando com os partidos que vão se juntar a nós, para podermos formar as bancadas na Assembleia e no Congresso. O sr. já tem uma estrutura de pré-campanha que funciona há algum tempo. As pessoas comentam que deputados já têm se beneficiado desta estrutura. Até que ponto o sr. tem ajudado esses aliados? Com recurso financeiro, não tenho feito absolutamente nada. Até porque não está no momento certo. Vamos fazer durante a campanha. Fora disto, tudo que se fala não é verdade. Mas de repente, uma viagem de avião, um Sêneca, por exemplo, até posso arrumar. Não vou mentir aqui para vocês que não tenha feito. Mas esporadicamente, nada de deixar avião por conta. Nem o meu, nem o de ninguém. Mas, de repente surge uma viagem longe, um deputado que vai me representar em algum evento, pode até ser que tenha feito, não sei quantas vezes. Vou ajudar (os aliados) dentro da lei, na hora certa. O eleitor costuma ter de rejeição a candidatos endinheirados, que às vezes ficam com a pecha de que querem comprar o mandato. O sr. não teme que isto se torne um desgaste? Não temo isto, porque não é verdade. É sempre assim: se tem dinheiro, perde porque tem; se não tem, perde porque não tem. E se não tem, roubou porque tem de ter. Entendo que isto não vai me diminuir em absolutamente nada, até porque o dinheiro é meu, se gastar estou dentro da lei. E me sinto até orgulhoso disto, pois nunca existiu uma eleição deste jeito em Goiás, sem compromissos com terceiros. Não só em Goiás, mas em todo País. O governo que está aí hoje foi eleito em cima de financiamento privado, ele (o governador Marconi Perillo) não pôs um centavo do bolso dele. Por isto tem muitas dificuldades hoje de governar, em função de compromissos financeiros que fez na campanha. O sr. acha que o fato de ter como bancar a própria campanha o deixa mais livre com relação a compromissos políticos? Isto (fazer campanha com recursos próprios) é o sonho de todo mundo, é o desejo de consumo de todos os políticos. Vejo que Goiás está sendo privilegiado de ter um candidato hoje que ganhou sua vida, construiu seu negócio e vem prestar um serviço ao Estado sem precisar entrar na vala comum do que está aí. Para que a gente possa ser contundente, possa colocar as pessoas certas no lugar certo, prestigiando não só a questão política, mas também a parte técnica. E poder honrar compromissos sem precisar fazer coisas erradas no âmbito público. Uma das condições colocadas pela cúpula do PMDB para avalizar sua pré-candidatura até março é o desempenho nas pesquisas eleitorais. Até hoje o sr. continua atrás dos outros nomes colocados. Como reverter esta situação até lá? Não é verdade isto que está aparecendo por aí. Tenho pesquisa, feita pelo Ibope, que me coloca com 12% das intenções de voto. Eu e Iris juntos, ele me apoiando numa chapa majoritária, eu apareço com 22%. E tenho outras pesquisas que apontam números ainda melhores e isto me dá muito conforto de que meu caminho é sem volta. Minha tendência é só crescer nas pesquisas, pois tenho rejeição muito baixa e à medida que vou ficando mais conhecido, aumenta a intenção de votos. O PMDB não está dizendo que tenho de crescer até março, que tem prazo. Não tenho prazo de nada. Mas o PMDB não estipulou prazo para sua pré-candidatura deslanchar? Não, não colocou prazo de nada. Tudo que tem sido dito neste sentido é alguém falando pelo PMDB. O partido não colocou prazo, já me escolheu como o pré-candidato. Mas o sr. ainda tem de viabilizar as alianças partidárias para consolidar a pré-candidatura... Já estou articulando isto. Hoje temos sete partidos juntos. Vamos esperar até março a decisão de reciprocidade do PT, pois esperamos que eles venham se juntar a nós. Vamos vencer as eleições na união da oposição. Vamos ajudar a reeleger a presidente Dilma, que apoio 100%, assim como apoiamos o PT nas 17 cidades em Goiás que eles governam. Esperamos agora a reciprocidade deles para nos apoiar para o governo do Estado. Recentemente o sr. ameaçou buscar apoio de outros partidos, como PSB e DEM, caso não tivesse o apoio do PT, o que gerou uma reação negativa no partido. Acha que isto está superado? Não foi bem assim. Disse que, caso o PT não desse a reciprocidade ao nosso apoio, iria abrir um precedente para que o PMDB e os partidos que estão conosco procurassem outro caminho. Mas é algo que não quero, não disse que vou fazer. Até porque isto depende do que decidir os diretórios dos partidos, não cabe a mim. Mas supondo que o PT não vem, abre-se um precedente para pensarmos em outras alianças, como o DEM, o PSB e tantos outros partidos aí que tentam formar hoje uma terceira via. O PMDB pode tentar conversar com esses partidos, mas não estou falando que vou buscar isto. Mas acredito na união da oposição. O sr. acredita que dá para unir a oposição já no primeiro turno? Ela vai estar unida. Se pudéssemos unir no primeiro turno, seria o ideal. Se não der, com certeza estaremos juntos no segundo. O nosso adversário é um só, é o atual governo do Estado. Tudo bem quem quiser lançar candidato no primeiro turno. Mas no segundo vai ter que todo mundo se juntar. Se não for pelo amor, será pela dor. O sr. tem dito que ouviu de Iris Rezende que ele não será candidato a governador. Mas como enxerga quando aliados defendem o nome do ex-prefeito e o próprio Iris dá sinais de que pretende disputar? O Iris, primeiramente, é um grande líder. Também é um amigo em quem confio e que jamais descumpriu um compromisso comigo nesses anos todos. Ele sempre tem falado para mim que uma coisa que não suporta é deslealdade. E o que ele diz é que se coloca como um conselheiro do partido. Ele está com 80 anos e tem sido motivo de diversas homenagens, pois é muito querido. Mas os aliados dele têm de entender que é o partido que vai decidir os rumos da disputa de 2014. O Iris está pronto para servir o partido na medida que o PMDB convocá-lo para ele disputar mandato de senador. O PMDB conta com isto. E o Iris tem dito que é candidato a ajudar o PMDB a voltar a governar Goiás. Acha mesmo que ele tem disposição de ser candidato ao Senado? Acho. Vejo disposição nele de ser candidato a senador tanto quanto de ficar somente como conselheiro do partido para ajudar. Ele está disposto a abrir mão do que for preciso em prol do PMDB. Mas na homenagem que ele recebeu na Câmara no início de dezembro, uma das filhas dele, em discurso, disse que o pai tem de ser considerado como candidato e criticou até a questão do dinheiro na campanha, no que foi visto como uma indireta ao sr. Não, eu estava lá e vi a homenagem da Ana Paula ao pai. Ela disse que Iris sempre ajudou Goiás e que continua à disposição para prestar um grande serviço, o que é verdade. Se o PMDB decidir que ele tem de ser candidato a governador, senador ou não ser candidato a nada, ele está pronto para atender um pedido do partido. Sobre a questão do dinheiro, ela falou que o pai nunca foi um homem que pensou em dinheiro, deixou de lado a questão financeira para trabalhar por Goiás. Ela não se referia a mim. Foi o que entendi. Mas ainda existe um cenário de divisão no PMDB, com alguns defendendo que Iris seja o candidato ao governo. É que tem pessoas no PMDB, prefeitos, por exemplo, que estão com Iris há muitos anos. O Agenor Rezende (prefeito de Mineiros), para citar um. Enquanto Iris não declarar (que não é candidato), o Agenor, do ponto de vista político, também não se declara, até por respeito. Então o sr. considera que sua pré-candidatura já está consolidada? Considero sim. O PMDB está unido nesta decisão. Todos os partidos que já convidamos para integrar este projeto se juntaram quando anunciaram meu nome. O governador tem dito que a oposição está dividida e não tem projetos. Como vê estas declarações? Acho esta afirmação muito vaga. O governador não pode falar isto, porque ainda não cumpriu nem as promessas que fez. Ou seja, ele também não tem projeto. A oposição terá projeto, sim. Estamos percorrendo o Estado, ouvindo as pessoas para elaborar um plano de governo. Este grupo que governa Goiás já deu o que tinha que dar e eles vão perder as eleições de 2014. Mas o sr. considera que seu grupo político, especialmente na Assembleia, tem feito oposição ao governo? Ser deputado de oposição na Assembleia é muito difícil. Tenho visto inclusive um desestímulo muito grande de alguns em ser oposição, pois o governo controla a Assembleia. Mas tenho certeza que a partir de agora, em 2014, a oposição será muito mais contundente, tanto nas críticas quanto nas propostas. Vamos ser muito firmes em jogar o jogo da forma como eles jogam, para ganhar as eleições. O que significa “jogar o jogo da forma que eles jogam”? Jogar como eles jogam no sentido de ataques, de verdades. Aquilo que eles jogarem que não for verdade, nós vamos defender com muita contundência, muita propriedade. Vamos falar a verdade, mostrando fatos e apresentando propostas, com uma campanha que possa oferecer sobretudo uma nova opção para os eleitores. Afinal, são 16 anos de desgastes deste grupo que está no poder, então tem muita coisa para a gente mostrar.-Imagem (1.449856)-Imagem (1.449861)-Imagem (1.449860)