-Imagem (Image_1.1328523)-Imagem (Image_1.1328524)Desnudar as maiores inseguranças na frente das câmeras não é tarefa fácil. Mas a missão se torna possível quando atrás das lentes está a goiana Mari Lima, 36 anos. Dona de uma trajetória em defesa da beleza feminina natural e fora dos padrões, a fotógrafa e maquiadora encabeça, ao lado da estilista Saturnina Costa, 28 anos, o projeto Ser Mulher. O objetivo é mostrar que não há cota de imperfeição e que cada conjunto de características - peso, cor de pele, marcar deixadas pelo tempo ou por acontecimentos inesperados - é bonito a seu modo.Em sua primeira edição, o projeto pretende criar uma espécie de rede de apoio às mulheres que ainda não descobriram sua beleza e incentivar o movimento de autoaceitação. Para representar essa reconstrução de conceitos, 15 mulheres foram convidadas para subir na passarela que será montada, a partir das 18 horas de sexta-feira, no Centro de Eventos da UFG. As fotos produzidas durante o evento serão usadas em uma exposição que deve percorrer vários pontos da capital até o final do ano.Do grupo, cinco mulheres são negras plus size (acima do peso), três são transexuais, outras cinco trazem no corpo marcas da luta travada contra o câncer e duas são portadoras de síndrome do Down. Na ocasião, as modelos vestem as peças da nova coleção de Saturnina Costa, à frente da marca goiana de moda africana Nyna Koxta. A programação conta ainda com apresentações de dança flamenca e do ventre e de música afro.Na data, a UFG também será palco de uma exposição fotográfica, com imagens produzidas anteriormente pela fotógrafa Mari Lima e que vai mostrar uma beleza à prova de padrões, como a da funcionária pública Adriana Vaz Trigueiro, 46 anos. Ela teve câncer de mama em 2012 e precisou enfrentar um nível mais pesado no tratamento: fez mastectomia (retirada do seio) unilateral, realizou quatro ciclos de quimioterapia e perdeu os cabelos. “A doença me fez enxergar a vida com outros olhos e o projeto me fez entender que mesmo mutilada sou uma mulher muito bonita e não é a falta da mama que me faz menos feminina.”Adriana reconstruiu a mama que foi retirada, mas conta que o que a tornou mais vaidosa e segura de si foram as fotos. “Eu vi ali um mulherão, mesmo com uma mama diferente da outra”, relembra, fazendo referência ao processo de reconstrução do seio retirado por uma questão de saúde.Beleza em cicatrizesA experiência de Adriana também foi vivenciada por Larissa Egea, 34 anos. Há oito anos a fonoaudióloga recebeu uma das melhores notícias de sua vida. Estava grávida pela segunda vez. Porém, depois de um exame de rotina descobriu também que carregava consigo um câncer de mama. A orientação dada pela equipe médica era para que Larissa interrompesse a gravidez para iniciar o tratamento, mas ela decidiu fazer o inverso: ter a criança e só depois lutar contra a doença.A fonoaudióloga passou por um tratamento longo. Foram 24 meses de quimioterapia, 3 de radioterapia, a retirada das duas mamas e a notícia de que não poderia ter outro filho. Contrariando o previsto, Larissa sobe na passarela do Centro de Eventos da UFG grávida. “Muita gente me pergunta porque não cubro minhas cicatrizes. Para mim não faz sentido, pois a perda do cabelo e dos seios, dois símbolos de feminilidade, me fizeram estar viva. Com a doença e depois de me ver tão bonita nas fotos entendi que a beleza não segue um modelo. Ela vem de dentro e é individual. Você pode ser linda e não possuir nenhum atributo tido como essencial pela sociedade.”