Basta uma volta pela Avenida Bernardo Sayão, na Fama, para perceber que a região, que já foi o maior polo comercial de moda de Goiânia nos últimos - anos, está enfraquecido. As placas de “Aluga-se” que se multiplicaram rapidamente nos últimos meses indicam a quantidade de lojas que encerraram suas atividades, deixando vazios no comércio local. Segundo a Associação Comercial e Industrial das Confecções de Goiás (Aciceg), existem hoje 216 pontos de comércio vagos na avenida principal e ruas adjacentes, o que representa 9% do total. A maioria teria fechado do início do ano para cá e estaria migrando para o Setor Norte-Ferroviário, que assumiu o posto de maior comércio de roupas da capital. O presidente da Aciceg, Carlos Allan de Morais, calcula que o fluxo de compradores na região da Bernardo Sayão caiu 30% desde janeiro, o que significa, em média, 12 mil pessoas a menos por dia na região. Quem deixou a Fama para se estabelecer no Setor Norte Ferroviário justifica a troca. A proprietária da Tex Feminina, Teresina Barcelos de Abreu, manteve uma loja por dez anos na Bernardo Sayão e presenciou o auge de negócios da região, quando chegou a ter dez funcionárias na loja. Há 1,5 ano abriu uma filial num shopping próximo à Rodoviária e manteve as duas unidades por algum tempo. Mas, nos últimos dois anos, viu a quantidade de clientes na Fama ser reduzida drasticamente e, há dois meses, fechou as portas do estabelecimento. “A loja da Fama começou a funcionar apenas para despachar mercadorias para os nossos clientes que fazem pedidos. O aluguel era mais caro e, por ser uma loja grande, os custos com funcionários eram maiores. E como o movimento de clientes aqui no Norte-Ferroviário é muito maior, resolvi transferir tudo para cá, onde tenho duas funcionárias e ganho muito mais do que a unidade da Fama”, relata. Quem ainda resiste em manter, simultaneamente, unidades na Fama e no Norte-Ferroviário também reclama da mudança no ambiente de negócios. A gerente da VSS Jeans, Cida Gomes, diz que a empresa está há 17 anos na Bernardo Sayão e tem duas lojas próximas à Rodoviária - uma foi aberta há oito anos na Rua 44 (a principal do comércio na região) e a outra no Shopping Mega Moda, há 1,5 ano. Ela afirma que a loja na Fama está ameaçada, devido à redução de clientes nos últimos anos. “Os ônibus de excursão de compradores não estão mais indo para lá e, sem fluxo, as vendas caíram. Se continuar do jeito que está, vamos ter de fechar as portas e ficar só com as outras lojas”, reclama. Causas Para o presidente da Aciceg, a má fase vivida pelos empresários da Fama é explicada por diversos fatores. Um deles é o surgimento de polos comerciais de confecção em outros Estados e cidades, como Pará, Mato Grosso e Brasília, que eram grandes fontes de clientes. Além disso, algumas características do Norte-Ferroviário, como uma forte rede de hospedagem e maior facilidade de estacionamento, desmotivam os compradores a se deslocarem para a Bernardo Sayão. Carlos Morais também faz acusações sobre a fiscalização no Setor Norte-Ferroviário. “Os governos municipal e estadual são omissos na fiscalização. Muitos que geram emprego e arrecadação estão saindo da Fama para trabalhar de forma irregular na Rua 44, em galerias ou galpões, sem pagar os impostos que a gente paga. Isso acaba gerando uma concorrência desleal”, frisa.-Imagem (Image_1.357520)-Imagem (Image_1.357522)-Imagem (Image_1.357523)-Imagem (Image_1.357524)-Imagem (1.357535)