Dos 60 mil alunos que se formaram no ensino médio da rede pública, apenas 14.133 se inscreveram no vestibular 2013/1 da Universidade Federal de Goiás (UFG), cujas provas começam a ser aplicadas hoje. O restante dos candidatos é originário da escola particular, embora o número de concluintes no ensino médio privado seja muito menor (em torno de 20 mil anualmente). Considerando que o total de inscritos na UFG chegou a 31.646 alunos, a proporção de candidatos da escola pública foi de 44,6%. Após a aprovação da Lei 12.711/2012, a Lei das Cotas, esperava-se um aumento destas inscrições. Porém, a análise dos três últimos processos seletivos da instituição demonstra que não houve variação significativa desse porcentual (veja quadro). “A pergunta é: onde estão estes alunos – que concluem o ensino médio na rede pública?”, questiona a pró-reitora de Graduação da UFG, professora Sandramara Matias Chaves. “Trata-se de uma instituição mantida com recursos da sociedade, uma universidade pública, em que vários cursos têm demanda muito baixa de alunos oriundos da rede pública de ensino”, reforça a pró-reitora. “Era de se esperar que a demanda crescesse a partir de 2009, o que não ocorreu”, acentua a professora, referindo-se ao ano em que a UFG passou a adotar o programa de inclusão – reservando parte das vagas a alunos que cursam o ensino médio na rede pública. Sandramara lembra que há uma política tanto de ampliação de vagas quanto de acesso e permanência desse aluno na universidade. No entanto, uma série de fatores contribui para o cenário atual. Entre eles, questões de caráter socioeconômico. “Quantos alunos já não trabalham enquanto cursam o ensino médio? Quando concluem, muitos têm necessidade de se dedicar ao trabalho”, cita. A pró-reitora acredita que há, também, certo desconhecimento por parte desta população sobre as possibilidades existentes para ingresso na universidade pública. “A política de reserva de vagas é uma delas”, observa. O coordenador da Câmara de Educação Superior do Conselho Estadual de Educação de Goiás, professor Valto Elias de Lima, também considera o aspecto sociocultural como um dos fatores decisivos para que o aluno que conclui o ensino médio prossiga nos estudos. “Muitos enfrentam o desafio de ter de trabalhar e estudar”, comenta. “Em muitos casos, estas pessoas precisam de resultados imediatos por uma questão de sobrevivência”, completa. Segundo o professor, é preciso criar condições para que este aluno não desista de seguir rumo ao ensino superior. Assistência A UFG vem desenvolvendo projetos no sentido de atrair esses candidatos. Um exemplo, é o projeto Espaço das Profissões. Durante dois dias, toda a universidade para e os cursos e professores se preparam para apresentar aos alunos do ensino médio o que a UFG tem para oferecer. Há, também, o projeto UFG na Escola, cujo objetivo é o inverso: neste caso, é a instituição que vai até as escolas apresentar-se. “Mas ainda precisamos de alternativas para ampliar o acesso de alunos da rede pública à universidade”, afirma a pró-reitora de Graduação.-Imagem (Image_1.261143)