O Centro de Goiânia, um dia, foi referência de lazer, festas, restaurantes, pontos de encontro com forte presença da juventude, casario histórico preservado e vida noturna em evidência. Com o passar do tempo, ele se transformou em referência de trânsito estressante, barulho, insegurança, poluição visual, comércio em recessão, apesar do aumento de estabelecimentos, elevada presença de moradores de rua, falta de lazer e vida noturna praticamente nula. Entre pioneiros e jovens, prevalece a imagem cotidiana de um Centro estagnado, sem vida e cada vez mais carente de revitalização, ideia falada, mas que nunca se tornou realidade.A população do setor diminuiu 7,2% entre 1996 e 2010, passando de 24.920 para 23.102, conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No próximo ano, será feita nova contagem e a tendência é que o número seja ainda menor. Os moradores mais antigos, que vivenciaram décadas passadas e resistem saudosos de alguns hábitos e da liberdade, perdem nos dedos da mão a quantidade de amigos e famílias que já se mudaram para outros locais da cidade. Enquanto isso, os imóveis abandonados se multiplicam e passam a servir, na maioria das vezes, como morada para pessoas em situação de rua.O Centro é hoje o segundo setor da capital com maior número de imóveis abandonados. Listagem feita pela Fiscalização de Edificações, Parcelamento e Áreas Públicas da Secretaria Municipal de Fiscalização (Sefis), relaciona 18 casos entre o início de outubro de 2013 e 28 de fevereiro deste ano, o que o coloca atrás somente do Jardim América e do Parque Amazônia, com 19 cada. Muitos dos imóveis são casas antigas, que retratam a história de Goiânia. As que não resistem acabam demolidas, como exemplo recente na Rua 20, primeira rua da capital. As que ainda estão de pé, quando não ocupadas por moradores, são adaptadas e se transformam em comércio, clínicas e outros.A invasão comercial é um fenômeno que marca a história recente do Centro. Entre 2000 e 2010, o número de estabelecimentos aumentou 95,3%, subindo de 2.975 para 5.813. Os comerciantes, no entanto, já sentem na pele as consequências da estagnação, diminuição de público consumidor e concorrência acirrada com shoppings e outras avenidas comerciais que se multiplicaram em diferentes zonas da cidade, nos últimos anos. “O comércio de rua não consegue oferecer a mesma comodidade que um shopping”, aponta o presidente da Federação do Comércio de Goiás (Fecomércio), José Evaristo dos Santos.O transporte público seria, hoje, o responsável por boa parte do público que vai e consome no Centro da cidade, segundo o presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Goiás (Sindilojas), José Carlos Palma Ribeiro. Ele lembra que, nos últimos anos, além da diminuição da população residente no setor, o transporte coletivo sofreu redução. Desde 2005, conforme a Metrobus, 40 mil pessoas deixaram de passar pelas catracas do Eixo Anhanguera, diariamente. Há nove anos, quando o subsídio do governo sobre o valor da tarifa era de 75%, o número de usuários era 190 mil. Hoje, com subsídio de 50%, esse índice é 21% menor - 150 mil.-Imagem (Image_1.487006)-Imagem (Image_1.487004)