“Estou sendo execrado por ser sério, porque não coaduno com esquemas que não sejam de interesse público na administração”, disse ontem o secretário estadual de Gestão e Planejamento, Giuseppe Vecci, em contato com O POPULAR, de Santiago, no Chile, onde cumpre missão oficial do governo. O tom de desabafo foi em reação às especulações, relatadas ontem pela reportagem, de que sua ausência em evento do governo poderia abrir espaço para que auxiliares do governo fizessem queixas sobre decisões da Segplan. O governo reuniu secretários e presidentes de agências em encontro chamado Imersão de Comunicação Estratégica, comandado pelo publicitário Rui Rodrigues. Além da intenção de melhorar a comunicação e a imagem do governo em Goiânia, o encontro também se propunha a buscar maior sintonia entre as pastas. O próprio governador Marconi Perillo (PSDB) se encarregou de afastar qualquer possibilidade de clima para reclamações ou críticas. Diante das especulações, ele decidiu não ir à abertura do evento, prevista para 9 horas, nem participar das atividades pela manhã. Só apareceu minutos antes do almoço, quando discursou duas vezes, e depois não voltou para o evento à tarde, quando foi aberto espaço para que cada auxiliar falasse de seus projetos e ações. Vecci, que viajou ao Chile a convite do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), disse que não aceita que “bandidos” falem mal de seu trabalho. “Ninguém sério do governo falou de mim. Só tem bandido falando. Estou virando a Geni de Goiás”, afirmou. A reação não é apenas ao evento de ontem, mas também ao frequente fogo amigo contra o secretário. Fora as reclamações de bastidores, o aliado do deputado federal Armando Vergílio (PSD) Sílvio Sousa saiu do governo atirando contra o titular da Segplan. Também já houve queixas de deputados. Vecci disse que há veículos de comunicação fazendo campanha contra ele, sem citá-los. “Estou saindo do Palácio de La Moneda (sede da Presidência do Chile), onde fomos referenciados, por conta do processo da meritocracia, e em Goiás tentam me reduzir a pó de traque”, disse. “Estou calado todo o tempo porque sou um homem de governo. Mas tudo tem limite. De repente virei alvo porque tenho postura, seriedade, espírito público e uma história que não foi construída há um mês.” Vecci disse que ajudou a “mudar o Estado” nos cargos que ocupou em quatro governos – três de Marconi e um de Henrique Santillo – e que está à frente dos maiores projetos do Estado. “Eu não estou no nível dessas pessoas que reclamam de mim. Eles nunca trabalharam, não estudam e não têm moral”, disse, se recusando a citar qualquer nome. O secretário, que planeja disputar cadeira na Câmara dos Deputados, disse que há tentativas de afastá-lo da política e de cargos públicos. “Estão loucos para me ver fora da política. Porque eu não aceito jogo sujo, de licitação, de Operação Monte Carlo, de rolo, de esquemas, de fisiologismo, de clientelismo.” Vecci participa de missão do Conselho Nacional de Secretários de Planejamento. De acordo com relatos de presentes no evento ontem, nem todos os auxiliares fizeram apresentações e não houve qualquer reclamação sobre outras pastas ou colegas.-Imagem (Image_1.328379)