A operação para tornar a Celg adimplente mais a alegada falta de recursos para investimentos em obras fizeram com que a gestão estadual contratasse, até agora, R$ 7,21 bilhões em empréstimos. O valor representa quase seis vezes mais que a soma dos financiamentos obtido pelo Tesouro Estadual nos 15 anos de governos anteriores. Em seu favor, o governo alega que conseguiu reduzir a relação dívida/receita e que o Estado está contratando o mesmo valor que paga durante essa gestão (leia reportagem ao lado). Além disso, a administração afirma que as condições dos empréstimos são vantajosas. Em 2011, na tentativa de solucionar o principal gargalo do Estado – o rombo de mais de R$ 6 bilhões na Celg –, o governo fechou acordo com a União que incluía empréstimo de R$ 3,527 bilhões, cuja maior parte foi para a companhia pagar dívidas com o setor elétrico. O empréstimo saiu da Caixa Econômica e foi dividido em três parcelas para liberação. O prazo de carência é de dois anos e de pagamento, de 22 anos, com juros de 0,8% ao ano mais Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP), segundo informações da Secretaria da Fazenda (Sefaz). No ano passado, o governo fechou mais R$ 1,5 bilhão de empréstimo do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para cumprir a promessa de recuperar rodovias. De acordo com a Sefaz, foram liberados R$ 100 milhões em 2012, com o restante previsto para este ano. O contrato prevê sete anos de carência e 22 anos para pagar, com a mesma taxa de juros estabelecida no empréstimo para a Celg. Em dezembro, o governo confirmou um terceiro empréstimo, do Programa de Apoio ao Investimento dos Estados e Distrito Federal (Proinvest), de R$ 627,4 milhões, para reestruturação da dívida e investimentos no Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), em Goiânia, e na área de saneamento. Segundo a Sefaz, foram liberados R$ 248,9 milhões em fevereiro, através da Caixa Econômica, aplicados no refinanciamento de dívidas. Dos outros R$ 377,2 milhões, R$ 100 milhões estão reservados para a Saneago. O restante ficará para o VLT. A carência é de dois anos e o prazo para pagamento de 20 anos. Os juros são de 1,1% ao ano mais TJLP. Embora ainda não tenha sido assinado o contrato, o governo já acertou com o Banco do Brasil um novo empréstimo, de mais R$ 1,56 bilhão, para investimentos em diversas áreas (veja quadro ao lado). A previsão, de acordo com a Sefaz, é de prazo para pagamento de 20 anos, com carência de 5 anos. Apesar da soma de mais de R$ 7 bilhões, o Estado ainda mantém negociações para outros financiamentos. A Sefaz adianta que deve ser fechado empréstimo de outros R$ 108 milhões para o VLT, com prazo previsto de 30 anos e R$ 248 milhões para outras aplicações, não detalhadas. Assim, o endividamento do Estado pode aumentar em total de R$ 7,57 bilhões em quatro anos do governo tucano. Além do alto volume já financiado, o Estado ainda pode ser forçado a contratar novo empréstimo para a Celg, que, por conta do atraso na formalização da transferência da maioria das ações para a Eletrobras, continua com dificuldades de investimentos e corre o risco de voltar a se tornar inadimplente. Nas conversas entre Eletrobras e governo, a proposta de financiamento, com acerto para ressarcimento posterior da futura acionista majoritária, está sendo cogitada, embora o Estado não demonstre disposição em aceitá-la.