Com apenas três anos de conclusão, o reservatório do Ribeirão João Leite, que deve abastecer a Grande Goiânia por aproximadamente 27 anos, pode ter a qualidade da água comprometida por diversos fatores, como ausência de mata ciliar nas margens da bacia e do lago, adensamento das áreas urbanas e o uso de agrotóxicos e fertilizantes nas plantações próximas da área. Fotografias aéreas colhidas por um Veículo Aéreo não Tipulado (Vant) do Laboratório de Processamento de Imagens e Geoprocessamento da Universidade Federal de Goiás (Lapig/UFG) demonstram a forte concentração e dispersão de algas no reservatório. O consultor ambiental e pesquisador do Lapig, Sílvio Braz de Sousa, explica que todas as interferências na bacia do Ribeirão João Leite, que possui área aproximada de 761 quilômetros quadrados (km²) e abrange os municípios de Goiânia, Anápolis, Nerópolis, Ouro Verde de Goiás, Goianápolis, Campo Limpo e Teresópolis de Goiás, podem influenciar na qualidade da água drenada para o reservatório. “Imagens de satélite e do Vant mostram que 60% das margens ao longo da bacia são cobertas por pastagem e apenas 23% possuem cobertura vegetal. Essa vegetação protege o rio e consequentemente o reservatório da absorção de partículas do solo e matérias orgânicas”, afirma. Avaliação de compostos orgânicos naturais da água do reservatório realizada por mestrandas do Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Meio Ambiente da UFG em 2011, concluiu que a mesma apresentava indícios de potencial eutrofização, ou seja, aumento excessivo de algas, que podem diminuir o oxigênio na água e consequentemente impactar a fauna e flora aquáticas. O professor do Centro de Biologia Aquática da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-Goiás), Francisco Leonardo Tejerina Garro, explica que as áreas de pastagem ou de densidade urbana potencializam este risco. “As chuvas fazem a lavagem destes solos trazendo grande quantidade de nutrientes para o leito do rio e para o reservatório, contribuindo para proliferação de algas, comuns principalmente em reservatórios antigos”, afirma. De acordo com Garro, essas algas diminuem a qualidade da água, aumentando os custos no seu tratamento para o consumo, principalmente quando as espécies produzem toxinas nocivas à saúde. Os apontamentos, segundo os estudiosos, reforçam a necessidade de medidas para a conservação do João Leite, através de gestão a longo prazo.-Imagem (Image_1.377404)-Imagem (Image_1.377403)